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Aplicativo pretende melhorar informações sobre cafeicultor brasileiro

Plataforma vai ajudar na coleta de informações sobre as propriedades de cafeicultores em todo o Brasil

Por Cristian Favaro
Atualização:

O setor cafeeiro nacional precisa ampliar os conhecimentos sobre o que ocorre dentro da porteira, antes de pensar em aumentar a produção e a produtividade. Essa é a avaliação de Pedro Ronca, gerente do Programa Brasil da Plataforma Global do Café (GCP, na sigla em inglês). Nesse sentido, o braço brasileiro da plataforma vai lançar, na próxima segunda-feira (2), um aplicativo mobile para ajudar na coleta de informações sobre as propriedades de cafeicultores em todo o Brasil.

O aplicativo será alimentado por extensionistas das instituições participantes e por parceiros, como técnicos, que buscarão informações sobre produção, critérios de sustentabilidade, manejo e diversos outros pontos. O produtor também poderá baixar o aplicativo e fornecer informações e, depois, a GCP fará a checagem de dados, que poderá ser por amostragem ou visitas nas regiões que mais chamarem a atenção.

Aplicativo será alimentado por extensionistas das instituições participantes e por parceiros Foto: Reuters

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"Hoje, uma cooperativa consegue reunir números de, no máximo, 5 mil produtores. Na maioria dos casos, as cooperativas fazem avaliações sobre a propriedade por meio de amostras de um grupo específico. Nosso objetivo é superar isso e alcançar até 100 mil produtores com números dentro do sistema", explicou Ronca, destacando que o número estimado de produtores no Brasil é de 300 mil. A meta, entretanto, ainda é de longo prazo e o projeto deve focar, no momento, algumas regiões específicas.

Um levantamento feito pela consultoria P&A, coordenadora do programa no Brasil, com números do Censo Agropecuário 2006 e da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), mostra que 36% da produção brasileira de café está nas mãos de 230 mil pequenos cafeicultores (79% do total), com área de até 10 hectares. Outros 16% da produção está na conta de agricultores entre 10 e 20 hectares. São exatamente esses produtores que a plataforma quer conectar por meio do aplicativo e que, segundo Ronca, é atualmente a grande janela de oportunidade do setor. "Nós poderíamos elevar muito nossa capacidade, caso eles (pequenos e médios) conseguissem melhorar a produtividade", explicou. Atualmente, a produtividade média por hectare no Brasil é de cerca de 25 sacas de 60 kg, enquanto alguns produtores chegam a tirar mais de 35 sacas no arábica e até 100 sacas de robusta.

Indicador global. A GCP está em oito países atuantes no mercado do grão (como Vietnã, Colômbia e Indonésia) e é parceira de diversas entidades internacionais, além de gigantes do setor torrefador, como a JDE e Nestlé. De acordo com o sócio-diretor da P&A, Carlos Brando, a plataforma tem o objetivo de levar esse aplicativo para todos esses países sócios. "A ideia é criar um número em que seja possível comparar, de fato, esses mercados e avaliar os pontos fortes e fracos", disse.

Brando explicou que as certificações globais acabam sendo falhas em alguns pontos para comparar o café de país para país. "Esses selos exigem que se cumpra o mínimo da legislação nacional, além de outros critério. A questão é que a gente sabe que hoje as leis ambientais e trabalhistas brasileiras são tranquilamente as mais exigentes. Se a legislação é maior, custa mais caro para produzir café sustentável. Conhecer melhor e poder comparar esses mercados vai posicionar o Brasil de forma melhor no mundo", defendeu. A proposta ainda está em desenvolvimento e não há estimativa para implementação. 

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