PUBLICIDADE

Apoio a Lula reflete baixo crescimento econômico, diz Fischer

Por Agencia Estado
Atualização:

O vice-presidente do Citigroup e ex-vice-diretor-gerente do FMI, Stanley Fischer, disse que se tivesse havido um crescimento econômico maior no Brasil nos últimos anos poderia estar havendo nas pesquisas eleitoriais um maior apoio dos eleitores para a continuidade do atual governo. "A vantagem de Lula reflete o baixo crescimento verificado nos últimos dois anos", disse Fischer durante a palestra "Crises na América Latina e Globalização", promovida pelo Banco Mundial. Ele disse que o governo Fernando Henrique Cardoso foi capaz de produzir elevadas taxas de crescimento logo após a introdução do Plano Real, mas que esse crescimento diminui significativamente depois da desvalorização cambial e sucessivos choques externo e interno. "O crescimento observado em 1994, 95 e 96 foi devido ao esforço fiscal. Nos anos recentes, o governo deveria ter feito mais no aspecto fiscal", afirmou Fischer. ?Tem muito dinheiro esperando pelo próximo governo? Indagado se o FMI e as instituições multilateriais, além dos bancos comerciais, deveriam dar mais dinheiro para o Brasil neste momento, Fischer disse: "Em primeiro lugar, tem muito dinheiro esperando pelo próximo governo. Se no contexto de um programa convincente pelo próximo governo, que fortaleça a política econômica, e que tenha uma chance maior de sucesso, se tornasse necessário algum apoio financeiro a mais, isto faria sentido do ponto de vista da estabilidade do Brasil e dos mercados emergentes em geral", declarou. Avaliação pessimista sobre perspectivas da dívida Stanley Fischer, fez uma avaliação bastante pessimista sobre as perspectivas da dívida brasileira. Ele disse que a trajetória da dívida pública do Brasil é preocupante, embora uma reestruturação não seja ainda inevitável neste momento. "Vai depender do caminho a ser seguido pelo próximo presidente", afirmou. "No entanto, quem quer que vença as eleições presidenciais terá um trabalho muito difícil para evitar uma reestruturação da dívida", declarou Fischer. Ele classificou ainda como defasado o estudo elaborado pelo diretor de política econômica do Banco Central, Ilan Goldfajn, o qual afirma que é possível estabilizar a relação dívida/PIB com um nível de superávit primário de 3,75% pelos próximos anos desde que a diferença entre a taxa de juros real e a taxa de crescimento da economia seja de 7 pontos percentuais. "Desde que esse estudo foi publicado, as condições de mercado para o Brasil se deterioraram bastante", disse. Em relação ao que o próximo presidente poderá fazer para evitar se chegar a uma situação de reestruturação da dívida, Fischer acredita que é necessário que o próximo presidente faça anúncios o mais rápido possível para acalmar o mercado. "Na situação atual, em que as taxas de juros estão muito altas por causa das incertezas sobre o que vai acontecer, a próxima administração precisa dar uma mensagem de garantias para o mercado sobre o tipo de políticas econômicas que vai seguir. Isso ajudaria a reduzir as taxa de juros por conta das incertezas e reduzir a probabilidade de um default da dívida", explicou Fischer. Maior esforço fiscal O executivo do Citigroup acha que talvez seja necessário o próximo governo adotar um maior esforço fiscal, elevando a meta de superávit primário para tentar conter a piora na trajetória da dívida. "Mas o mais importante é na direção institucional, reforçando a confiança numa política pró-estabilidade de medidas básicas macroeconômicas", acrescentou. Segundo ele, uma vez reduzidas as incertezas, por conta de anúncios e declarações tranquilizadoras pelo próximo presidente, haveria espaço para uma apreciação do câmbio e diminuição dos juros.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.