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Após 77 anos de liderança, GM perde posto para a Toyota

Mudança chega em um momento em que a GM tenta sobreviver e a Toyota, voltar aos trilhos

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Por Redação
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Agora é oficial: depois de 77 anos, a GM deixou de ser a maior fabricante de veículos do mundo. A montadora americana terminou 2008 com vendas de 8,35 milhões de veículos, uma queda de 11% em relação a 2007, enquanto a japonesa Toyota, mesmo com a queda de 4% em relação a 2007, terminou o ano com 8,97 milhões de veículos vendidos. Em 2007, a GM havia terminado com apenas 3 mil carros à frente da Toyota. A liderança, que há dois ou três anos era considerada questão de honra para as duas empresas, muda de mãos, no entanto, em um momento conturbado - e não foi nem muito comemorada na Toyota nem muito lamentada na GM. A empresa americana, na verdade, está hoje muito mais preocupada em sobreviver, e a Toyota, que anunciou a volta de um membro da família à presidência, está preocupada mesmo é com o primeiro prejuízo que vai registrar em mais de 70 anos. "Participação nem sempre paga contas", disse Don Esmond, vice-presidente sênior de operações norte-americanas da Toyota, quando perguntado em uma conferência do setor sobre a liderança da indústria. O vice-presidente da Toyota nos Estados Unidos, Irv Miller, chegou a afirmar que os números "não significam nada", e que o "mais importante agora seria voltar a ser rentável". Em dezembro, a Toyota, que foi sempre uma referência de solidez no setor automobilístico, anunciou que terá, no ano fiscal que termina em março, seu primeiro prejuízo operacional em 70 anos. A previsão é que as perdas cheguem a US$ 1,7 bilhão. O momento turbulento que a empresa atravessa levou-a até a anunciar a troca de presidente: o atual, Katsuaki Watanabe, será substituído em abril por Akio Toyoda, neto do fundador da Toyota, Kiichiro Toyoda. Será o primeiro membro da família a atuar como presidente da companhia em 14 anos. Já a General Motors tem uma situação muito mais complicada. A empresa precisou de uma injeção de bilhões de dólares do governo americano em dezembro apenas para conseguir atravessar o ano. E, segundo o diretor operacional da montadora, Fritz Henderson, o caminho da GM até a recuperação está repleto de incertezas e de possíveis obstáculos, que podem obrigar a companhia a uma reestruturação mais dolorosa nos próximos anos. Falando no Congresso Mundial de Notícias Automotivas, em Detroit, o executivo também revelou que as vendas de janeiro não estão melhores do que as do mês passado, quando caíram 31%. "A situação sempre pode piorar", declarou Henderson. "Precisamos aceitar a responsabilidade por medidas radicais para enfrentar acontecimentos que estão fora do nosso controle", disse. Apesar do tom pessimista, Henderson reiterou sua confiança no plano de recuperação da GM, que será apresentado ao governo dos EUA como condição para o recebimento de US$ 13,4 bilhões em empréstimos federais. "O dia mais feliz da minha carreira será o dia em que pagaremos o empréstimo."

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