Amanhã deve ser o primeiro dia de vida da nova General Motors - e a última oportunidade de a montadora voltar a ser viável. Longe de ser o fim da montadora, a concordata traz uma possibilidade de a GM voltar a ser uma empresa lucrativa. Ao emergir da concordata, o que pode ocorrer em 60 a 120 dias, segundo fontes do governo, a empresa vai ter se livrado da maioria de suas dívidas, de suas marcas fracas como Hummer, Saturn, Pontiac e Saab, e de milhares de concessionárias que se canibalizavam. Com os custos trabalhistas reduzidos após negociações com o sindicato, a GM prepara-se para investir na produção de carros menores e mais econômicos. E a montadora também terá se livrado do passivo de assistência médica com o sindicato, que inviabilizou a montadora por anos . Após a concordata, esse passivo de US$ 20 bilhões da United Auto Workers transforma-se em participação acionária na nova GM. Segundo cálculo da IHS Global, se as vendas de automóveis nos Estados Unidos voltarem ao índice mínimo de reposição - 12,5 milhões de veículos por ano, dos atuais 9 milhões - já é possível a GM voltar à lucratividade, nas condições pós-concordata. A GM deixou de ser a maior montadora do mundo no ano passado, quando foi ultrapassada pela Toyota. A empresa acumula US$ 88 bilhões em prejuízos desde 2004. As vendas vêm caindo há 18 meses consecutivos ."Em última instância, acho que a GM voltará a ser uma companhia forte", disse na semana passada o presidente Barack Obama, prestes a transformar o governo dos EUA no maior acionista da montadora. O governo americano já pôs US$ 20 bilhões na montadora, e se prepara para desembolsar mais US$ 30 bilhões. Segundo o plano da reestreuturação, o governo terá no início 72,5% da montadora. A grande incógnita será o estilo de administração na nova GM, ou como o governo americano irá exercer seu controle sobre a companhia. Se o governo resistir à tentação de tomar decisões políticas, que não necessariamente são as melhores para o caixa da companhia, a montadora irá melhorar. Outra incerteza será a reação dos consumidores. Depois de anos de crise e da recente concordata da Chrysler e da quase-concordata da GM, os americanos perderam um pouco da confiança nas marcas. A Ford, única montadora que não recebeu socorro do governo dos Estados Unidos, já está ganhando participação das outras duas, vistas como instáveis. P.C.M.