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Após abstenção no Copom, Congresso pode poupar Volpon

Diretor do BC desistiu de votar na reunião sobre a taxa de juros, após ter sido questionado por suas declarações

Por Ricardo Brito
Atualização:
Volpon passou por sabatina no Congresso em abril Foto: Dida Sampaio/Estadão

A decisão do diretor de Assuntos Internacionais do Banco Central, Tony Volpon, de se abster na votação da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) diminuiu a pressão política contra a instituição. Depois de alguns senadores cogitarem convocá-lo na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) para prestar esclarecimentos sobre suas declarações em torno da política monetária, o Senado pode transformar o pedido de explicações em apenas um convite. 

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Regimentalmente, o convite pode ser recusado pela autoridade, enquanto na convocação a participação é obrigatória. O pedido deve ser apresentado na volta do recesso parlamentar, na próxima semana. Durante encontro com investidores em São Paulo na semana passada, promovido pela CM Capital Markets, o diretor declarou que, “pessoalmente, vou votar para aumento de juro para atingir a meta em 2016”. A declaração foi vista como uma antecipação do voto que daria na reunião da última quarta-feira. 

Longe de o episódio ter sido confortável para o BC, o comando da instituição levou em banho maria a situação enquanto os debates estavam restritos ao mercado financeiro, ainda que com algumas discordâncias entre os economistas. O alerta maior veio quando as críticas passaram para a esfera política. 

Um dia após a reunião do Copom, o líder do PMDB no Senado, Eunício Oliveira (CE), elogiou a inédita decisão do diretor de se abster de votar. Oliveira chegou a sugerir a demissão de Volpon. Para o peemedebista, ele agiu “corretamente e se redimiu”. “A atitude dele esfriou qualquer ímpeto de quem queria pedir sua demissão”, afirmou Eunício.   Para o líder do PMDB, o diretor do BC “resolveu a questão do Copom e tirou lenha da fogueira” ao voltar as discussões para a normalidade. “Ao não votar, ele reconheceu que não devia ter falado o que falou.” Eunício avaliou que Volpon deve ser convidado para falar na Comissão de Assuntos Econômicos em vez de convocado. 

Errado. O senador Romero Jucá (PMDB-RR) afirmou que Volpon foi “duas vezes errado” ao anunciar como iria votar e, posteriormente, tomar uma inédita decisão, ao se abster. “É uma bobagem. Ele antecipou um voto e depois não votou”, disse Jucá, que foi relator da indicação de Volpon na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado.

Jucá classificou como “equivocado” o fato de o diretor do Banco Central ter anunciado como iria votar. Ele disse defender que a diretoria do BC tenha autonomia, mas destacou ser importante que cada um cumpra o seu papel. “O BC não pode fazer política partidária. É para fazer política fiscal e monetária”, frisou ele, que é economista de formação.

Segundo Jucá, cabe ao presidente da comissão e líder do governo no Senado, Delcídio Amaral (PT-MS), avaliar a conveniência da ida do diretor do BC ao Senado. “É complicado. Vai aprofundar o debate e aumentar a politização em cima da autoridade monetária.”

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