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Após acelerar no 2o tri,indústria quer que BC estimule economia

Por VANESSA STELZER
Atualização:

A indústria recuperou peso no crescimento brasileiro no segundo trimestre e agora alerta que, para o desempenho se manter, o Banco Central não deve tentar frear a demanda por temer pressões inflacionárias. O argumento do setor produtivo é de que, embora a demanda doméstica venha se mostrando forte, os números do trimestre passado mostraram que os investimentos também cresceram. "O que preocupa a indústria é que há sinais de que o crescimenro começa a gerar uma dúvida (no BC) de que a inflação vem aí. É tempo de reiterar que, ao invés de fazer ''stop and go'', devemos dar sustentabilidade a esse processo do crescimento", afirmou Boris Tabacof, diretor de economia do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp). "Quando começa a crescer a economia, não se deve puxar o tapete." Com o crescimento da indústria e do comércio, além da alta dos preços de alimentos, o BC reduziu neste mês o ritmo de corte do juro básico --e alguns analistas já apostam em uma pausa em breve. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informou nesta quarta-feira que a economia cresceu 0,8 por cento no segundo trimestre frente aos três primeiros meses do ano e 5,4 por cento ante igual período de 2006. O consumo das famÍlias aumentou 1,5 por cento trimestre a trimestre e a indústria avançou 1,3 por cento. Representates do setor produtivo disseram que, apesar dos fortes dados da demanda interna, os números de investimento abrem espaço para mais afrouxamento monetário. "A indústria de capital fixo (investimentos) vai muito bem, o que aponta capacidade de oferta muito boa para uma demanda idem", disse Julio Gomes de Almeida, assessor do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi). O presidente da Federação do Comércio do Estado do Rio de Janeiro (Fecomércio), Orlando Diniz, cita outros dados para prever uma pressão menor dos alimentos sobre a inflação. "Existe preocupação com inflação, mas o próprio IBGE divulgou dados mostrando que a safra agrícola vai ser recorde." SEGUNDO SEMESTRE Uma interrupção dos cortes do juro básico não traria impacto significativo sobre a economia já neste ano, o que leva o setor produtivo a se mostrar confiante sobre o segundo semestre --melhor época do ano para a economia. "Tem uma situação positiva criada pelo aumento do crédito, do emprego, da renda e pela inadimplência diminuindo. A perspectiva para o segundo semestre é muito boa, até porque temos nele o Natal, que é ótimo para o comércio", acrescentou Diniz, da Fecomércio. Ele estima que a economia brasileira cresça entre 4,0 e 5,0 por cento em 2007, frente à expansão de 3,7 por cento em 2006. Após crescer 4,9 por cento na primeira metade do ano, na sequência de um 2006 fraco, a indústria também está apostando neste segundo semestre. "A indústria tinha perdido o fôlego em 2006 e agora temos constatado que passou a ser o carro-chefe, o dínamo da economia e isso deverá se acentuar nos próximos períodos", disse Tabacof, do Ciesp. (Colaborou Angela Bittencourt)

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