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Após ano sem brilho, bolsa deve ter 2011 melhor

Por RODOLFO BARBOSA E ELZIO BARRETO
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Os receios com a recuperação dos Estados Unidos, a crise fiscal da Europa e o aperto monetário na China fizeram a Bovespa terminar 2010 com desempenho distante das previsões de analistas, mas a expectativa é que a melhora do cenário externo no ano que vem se traduza em um período mais positivo para o mercado acionário doméstico. Muitos analistas previam ao longo do ano que o Ibovespa --principal índice de ações da bolsa paulista-- conseguisse novos recordes históricos, encerrando 2010 entre 74 mil e 75 mil pontos. Contudo, o Ibovespa terminou 2010 com 69.304 pontos, ou alta de 1,1 por cento no ano. Na última sessão do ano a valorização foi de 0,51 por cento e em dezembro o índice avançou 2,4 por cento. As projeções para o mercado acionário brasileiro não se confirmaram também devido ao fraco desempenho das ações da Petrobras, que sofreram em meio ao longo processo de capitalização da estatal. As ações preferenciais da empresa amargaram queda de 23 por cento em 2010. "É preciso levar em conta o ótimo 2009 que o Brasil teve depois de um difícil 2008", apontou o chefe de ações para América Latina na Baring Asset Management, em Londres, Roberto Lampl. No ano passado, o Ibovespa registrou valorização ao redor de 83 por cento, após perder cerca de 41 por cento nos 12 meses de 2008, no estouro da crise financeira global. Em 2010, o índice teve sua máxima durante os negócios no começo de novembro, aos 73.103 pontos, sem romper o recorde histórico de 73.920 tocado no fim de maio de 2008. A mínima intradia deste ano ficou em 57.633 pontos, em maio, diante de visões ruins sobre os EUA e por temores sobre a zona do euro. "Vamos para frente, o mundo inteiro caindo em dívidas e a gente com espaço para crescer aqui", afirmou o analista sênior da BB Investimentos Hamilton Moreira. "Com certeza nós esperávamos que a Petrobras tivesse uma performance melhor. Ela travou bem o índice, tem a ver com a capitalização. Com a eleição presidencial definida, os fundamentos da empresa continuam. E com os EUA voltando a crescer, as petrolíferas serão favorecidas", acrescentou. Para 2011, a previsão é que o Ibovespa termine o ano na faixa dos 80 mil pontos, segundo a mediana das estimativas de 23 analistas, estrategistas e gestores de fundo consultados pela Reuters no início de dezembro. Isso representaria alta em torno de 15 por cento sobre o atual patamar. ALTAS DE DESTAQUE Apesar do desempenho do Ibovespa não ter deixado o mercado satisfeito, alguns papéis se sobressaíram positivamente em 2010, notadamente aqueles de empresas ligadas à economia interna e menos dependentes do exterior. O índice de ações brasileiras do setor imobiliário acumulou ganho de 10,5 por cento em 2010, enquanto o que acompanha empresas voltadas ao consumo subiu 25,6 por cento. "Foi um ano em que aqueles que estavam fora de petróleo e siderurgia se beneficiaram", resumiu o gestor de renda variável da Mercatto Investimentos, Roni Lacerda. O estrategista para investidores de varejo da Ágora Corretora, Francisco Cataldo, citou como destaques a varejista de roupas Lojas Renner e a fabricante de bebidas AmBev. Para 2011, ele mantém a aposta em companhias expostas ao mercado doméstico. "Vão ser as nossas preferidas", afirmou. Dentro do Ibovespa, a maior alta do ano ficou com a ação ordinária Souza Cruz, que subiu ao redor de 65 por cento, seguida pelos papéis preferenciais da AmBev, que no mesmo intervalo avançaram cerca de 50 por cento. As ações ordinárias da Lojas Renner, por sua vez, tiveram ganho perto de 48 por cento. (Reportagem adicional de Luciana Lopez)

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