
24 Junho 2016 | 08h48
NOVA YORK - A saída do Reino Unido da União Europeia, o Brexit, deve ter repercussões negativas na economia dos Estados Unidos, mas a magnitude do impacto não está clara, avaliam os economistas do banco de investimento BMO Capital Markets. Neste primeiro momento, o maior efeito será pelo mercado financeiro, com os investidores fugindo do risco e provocando volatilidade alta.
Os economistas do BMO, Jennifer Lee e Benjamin Reitzes, avaliam que o processo de saída dos britânicos da UE será "bagunçado" e deve provocar incerteza nos mercados nas próximas semanas. Do ponto de vista comercial, os fluxos entre o Reino Unido e os Estados Unidos são pequenos, por isso, a repercussão por esse canal tende a ser pequena. Os britânicos respondem por 3% do comércio externo dos EUA e 2,5% no Canadá.
"O maior perdedor do Brexit são os próprios britânicos", afirmam os dois economistas. Eles ressaltam que a libra deve ser fortemente pressionada para se desvalorizar, como já aconteceu na madrugada desta sexta-feira, quando a moeda chegou a despencar 11% na medida em que os primeiros resultados mostravam que os eleitores favoráveis à saída estavam na frente.
O canal principal de contágio do Brexit para os EUA, ressalta o BMO, deve se dar pelo mercado financeiro e pode ocorrer em duas frentes. A busca por ativos mais seguros deve provocar valorização adicional do dólar, o que é ruim para as empresas multinacionais norte-americanas e para as exportações do país. Outro impacto pode ser na confiança dos consumidores, que pode ser pressionada por conta do aumento da volatilidade e queda das bolsas. Nesse caso, pode haver um impacto futuro na decisão de consumir dos norte-americanos, afetando a atividade.
"O crescimento da economia mundial tem sido fraco e mais incerteza não vai ajudar. De fato, o Brexit vai ampliar os riscos", afirmam os dois economistas. A saída dos britânicos da UE, ressalta o BMO, traz agora uma série de dúvidas sobre como vão ficar as questões comerciais e regulatórias. Além disso, há o temor de que a decisão estimule outros países a também convocarem referendos para que a população decida sobre a permanência no bloco europeu.
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