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Após Doha, Brasil se concentra em 'resultados', diz Amorim

'Sempre dissemos que Doha era a prioridade. Mas não podemos ficar pendurados no que não dá resultados'

Por BBC Brasil
Atualização:

O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, disse nesta quarta-feira que, depois do fracasso das negociações da Rodada Doha, o Brasil agora se concentrará em "questões que dão resultados". "Sempre dissemos que Doha era a prioridade. Mas não podemos ficar pendurados no que não dá resultados", disse, comentando a possibilidade de retomar negociações para acordos bilaterais entre o Mercosul e a União Européia ou os Estados Unidos. Veja também: Negociações da Rodada Doha fracassam com impasse agrícola Os problemas que levaram as negociações ao fracasso Vencedores e perdedores após colapso de Doha Principais datas que marcaram a rodada Veja a reação no Brasil após o fracasso das negociações da OMC Quanto ao futuro da própria Rodada, Amorim acha que ela deve entrar em um período "de marcha lenta", e as discussões dificilmente poderão ser retomadas antes de dois ou três anos. Ao anunciar o fim do processo, o diretor-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC), Pascal Lamy, sugeriu consolidar o rescaldo das negociações e retomar os trabalhos em setembro, depois do verão europeu. "Pode-se até pensar em retomar (a negociação), mas isso não vai se resolver em seis meses. O pacote não é uma coisa que pode ser congelada e depois retomada igual", opinou Amorim, ressaltando que o cenário político e econômico mundial mudam rapidamente. "Uma proposta que era aceitável no ano passado pode não ser mais no futuro. Muitas circunstâncias mudam as necessidades de cada país. O certo é que a quantidade de energia, de tempo que colocamos não vai continuar existindo." União Européia e Estados Unidos Doha era a condição imposta pela União Européia para retomar as negociações de um acordo comercial com o Mercosul. Segundo o ministro, a conclusão da rodada daria uma base a partir da qual negociar, especialmente no capítulo agrícola, mas a falta do acordo multilateral não deve significar uma eterna paralisação para as negociações entre os dois blocos. "Temos que esperar a poeira baixar e ver o que pensam os europeus", disse Amorim. Por sua parte, a comissária européia de Agricultura, Mariann Fischer Boel, avaliou que a conclusão de um acordo regional continuará sendo complicada, dado que "os problemas que tivemos aqui são os mesmos que temos nessa negociação", relacionados à agricultura. Quanto à possibilidade de iniciar negociações para um acordo com os Estados Unidos, o chanceler disse que "isso vai depender dos termos desse possível acordo". Ele ressaltou que não aceitaria um tratado com os americanos que afetasse, por exemplo, a indústria de remédios genéricos brasileira. Bilaterais Amorim também disse que não quer se concentrar apenas nos grandes atores e intensificará os esforços para estabelecer acordos comerciais com os países da América Central e com o México. "O Brasil tem possibilidades de buscar alternativas para abrir mercados, seja com países desenvolvidos ou com países em desenvolvimento", afirmou. No entanto, o ministro argumenta que a estrutura de acordos bilaterais não é ideal para a solução de determinados problemas do comércio internacional, como a questão dos subsídios. Por isso, o Brasil continuará buscando soluções de controvérsias junto à OMC. Um processo já está correndo contra os subsídios americanos aos produtores de algodão, e o país pode dar início em setembro a um processo de consultas contra as tarifas americanas sobre o etanol, segundo confirmou o chanceler.  BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.

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