Publicidade

Após nova vitória na OMC, Brasil diz que pode retaliar EUA

Foto do author Redação
Por Redação
Atualização:

O Brasil poderá partir para uma retaliação contra produtos dos Estados Unidos se o país não adequar sua política agrícola à decisão desta sexta-feira da OMC, que voltou a condenar subsídios norte-americanos ao algodão, em ação movida pelo Brasil. "O Brasil ficou muito satisfeito com a decisão do painel (da OMC)", afirmou a jornalistas o chefe da área de contenciosos do Ministério das Relações Exteriores, Roberto Azevedo. "Esperamos que agora os Estados Unidos farão uma adequação completa o mais rápido possível", afirmou, acrescentando que o "Brasil reserva o direito de retaliar" se Washington falhar em realizar as mudanças em linha com as determinações da Organização Mundial do Comércio (OMC). A decisão da OMC, que é preliminar, veio em resposta a um pedido do Brasil, em setembro de 2006, de instalação do chamado "painel de implementação", alegando que os EUA não haviam instituído reformas pedidas pela entidade em decisão anterior, onde já havia condenado várias das políticas norte-americanas para o setor de algodão. Os EUA fizeram algumas mudanças após a primeira decisão da OMC, consideradas insuficientes pelo Brasil. "Alguns dos programas de ajuda doméstica dos EUA continuam funcionando e ferem as obrigações assumidas pelo país na OMC", disse Azevedo. A decisão pode renovar a pressão para que os Estados Unidos façam mais concessões nos temas agrícolas discutidos na Rodada de Doha. Também pode influenciar os debates no Congresso dos EUA, que analisa projeto da nova lei agrícola norte-americana. "Não há sentido em negociar novas regras se elas não serão respeitadas", afirmou Azevedo, em relação às negociações da Rodada de Doha, que estão praticamente paralisadas depois que EUA, Brasil, Índia e União Européia falharam em chegar a um entendimento em reunião na Alemanha, em junho. O Brasil e outros países em desenvolvimento têm pressionado nações desenvolvidas para liberalizarem o setor de produtos agrícolas. Ainda cabe apelação da decisão desta sexta-feira da OMC, que deverá ser feita por qualquer das partes após a publicação de decisão final, prevista para outubro. Os Estados Unidos protestaram contra a decisão, manifestando "profunda decepção". O país alega que realizou mudanças pedidas pela entidade.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.