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Após perder vice-liderança, farmacêutica Sanofi tenta recuperar terreno

Grupo francês perdeu posição de mercado para a brasileira Hypermarcas depois de ficar, por cerca de um ano, sem nenhum remédio protegido por patente no mercado brasileiro; empresa pretende lançar sete produtos em 18 meses

Foto do author Luciana Dyniewicz
Por Luciana Dyniewicz
Atualização:

Após perder para a Hypermarcas a segunda posição no ranking das maiores empresas da indústria farmacêutica no País e chegar a ficar sem medicamentos protegidos por patentes, a francesa Sanofi, dona da Medley, aposta em inovação para tentar recuperar terreno no Brasil, onde faturou € 983 milhões em 2016. Desde o ano passado, o laboratório lançou quatro produtos de inovação (três medicamentos e uma vacina) e, agora, pretende colocar mais sete no mercado em 18 meses.

Sob gestão de Pius Hornstein, empresa já lançou quatro novidades: três medicamentos e uma vacina Foto: Amanda Perobelli/Estadão - 21/6/2017

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O início do período sem patentes da Sanofi no País coincidiu com a chegada do suíço Pius Hornstein à direção-geral do grupo no Brasil, em 2015. O executivo precisou, assim, não só lidar com a falta de inovação, mas também com a crise na qual o País mergulhava. Sob sua gestão, a ordem foi cortar gastos, unificar a operação das cinco companhias do grupo – incluindo a gigante de genéricos Medley – e investir em pesquisa. “Uma empresa farmacêutica não sobrevive sem inovação. Se não inovamos, não temos razão para continuar”, disse Hornstein ao Estado

Segundo o executivo, a ausência de produtos de inovação nos últimos anos não decorreu de uma redução de aportes em pesquisa, mas de estudos que não resultaram em medicamentos eficientes. “Pesquisa tem risco. Tínhamos produtos promissores, mas que não mostraram eficácia para serem laçados.”

Hornstein não revela se os investimentos em pesquisas de estudos clínicos no País estão em expansão, mas afirma que, globalmente, a Sanofi pretende atingir a cifra de € 6 bilhões por ano até 2020 – hoje, são € 5 bilhões. Por aqui, a empresa tem procurado incluir mais pacientes brasileiros em pesquisas desenvolvidas internacionalmente. Em estudos recentes de uma vacina contra a dengue, por exemplo, participaram 1,4 mil brasileiros.

De acordo com Hornstein, o foco em inovação não significa deixar em segundo plano a Medley, de genéricos (cópias de medicamentos cuja patente já expirou). “O segmento de genéricos é o que mais cresce no Brasil, principalmente na crise. Não são medicamentos de preço alto, pelo contrário, mas o mercado vai continuar crescendo. E é melhor para uma empresa atuar em diferentes áreas.”

No último ano, com a notícia de que a Sanofi venderia globalmente de seu negócio de genéricos, especulou-se que a Medley seria colocada no mercado – em um movimento parecido com o da Pfizer, que acabou de se desfazer de 40% da Teuto. 

Hornstein, entretanto, afirma que a marca ainda faz parte da estratégia da Sanofi no Brasil. “Não temos planos de venda.” Fontes dizem que a Medley também poderá ancorar a venda de medicamentos similares.

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Disputa acirrada. Um dos principais entraves da operação da Medley – e de outras empresas de genéricos – é a baixa rentabilidade. O presidente executivo Sindicato da Indústria de Produtos Farmacêuticos do Estado de São Paulo (Sindusfarma), Nelson Mussolini, destaca que, com o grande número de fabricantes no País, a competição se acirrou e levou empresas a oferecerem descontos de 90%. “É um mercado competitivo, mas com espaço para crescer.”

Nessa briga por espaço, tanto a Sanofi quanto a Medley acabaram sofrendo. Em maio deste ano, por exemplo, a fabricante de genéricos ficou em sétimo lugar entre os laboratórios que comercializaram o maior número de medicamentos. A empresa já chegou a ocupar, em 2013, o terceiro lugar no ranking. 

Para Hornstein, a posição inferior no ranking é momentânea. “Existem ciclos de um País e de uma empresa. Mas, agora, estamos em um bom período. Temos mais produtos globais e uma estrutura organizacional mais simples. Estamos em um ciclo que, agora, vai andar mais acelerado.”

O executivo, porém, admite que a crise brasileira impedirá um salto relevante nos próximos anos. “O crescimento de anos atrás não existe mais. Estamos focados para sermos mais humildes. Não podemos agir do mesmo jeito que em uma economia que cresce dois dígitos.”

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