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Após reação negativa, Eunício Oliveira decide voltar para Brasília

Presidente da Associação Brasileira dos Caminhoneiros afirma que a chance da paralisação terminar nesta quinta-feira cai de 90% para 5%

Foto do author Julia Lindner
Por Julia Lindner , Renan Truffi e Fernando Nakagawa
Atualização:

BRASÍLIA - Diante das reações negativas sobre sua ida a Fortaleza (CE), nesta quinta-feira, 24, o presidente do Senado, Eunício Oliveira (MDB-CE), decidiu voltar para Brasília no mesmo dia. Ao aterrissar no Ceará, segundo fontes, ele ficou sabendo das críticas e resolveu retornar em seguida. Ele convocou uma reunião de líderes para acontecer as 19h de hoje e também tem intenção de se reunir com representantes das entidades dos caminhoneiros, que estão em greve desde o início da semana.

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O presidente do Senado, Eunício Oliveira (MDB-CE), foi acusado pelo presidente dos caminhoneiros de "querer ver o circo pegar fogo" ao viajar sem votar o projeto de zerar o Pis/Cofins Foto: André Dusek/Estadão

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No Twitter, o presidente do Senado justificou sua ida ao Ceará. "Decidi voltar a Brasília, suspendendo agenda com o governador, onde anunciaríamos investimentos para combater a seca no meu Ceará que já vive uma grave crise de falta d’água há 6 anos. Em Brasília, retomaremos as negociações em torno das saídas possíveis para a greve dos caminhoneiros", escreveu.

O retorno de Eunício acontece depois do presidente da Associação Brasileira dos Caminhoneiros (Abcam), José da Fonseca Lopes, dizer no início da tarde que, sem a presença do presidente do Senado para tentar aprovar a redução dos impostos sobre o diesel, a chance de o movimento terminar nesta quinta-feira cai de até 90% para 5%. Isso porque após aprovação na Câmara, na quarta-feira, a expectativa era que o Senado aprovasse o projeto da reoneração ainda esta semana.

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Ao ser informado pelo Estadão/Broadcast de que Eunício Oliveira deixou a capital federal, o líder dos caminhoneiros demonstrou surpresa e contrariedade. "Se o presidente do Senado viajou para o Ceará, é porque quer ver o circo pegar fogo. Ele também será responsabilizado", disse. "A informação sobre a viagem de Eunício me deixou preocupado porque pode gerar caos nesse País", acrescentou.

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Nos bastidores, senadores da base aliada do governo chamaram de "despreparo" a decisão de Eunício viajar para o Ceará, em meio à crise alavancada pela paralisação dos caminhoneiros. Na avaliação dos parlamentares, o emedebista deveria ter ficado em Brasília mesmo que não fosse possível colocar em votação, de forma imediata, o projeto que reduz neste ano a desoneração da folha de pagamento para 28 setores da economia, aprovado nesta quarta-feira na Câmara.

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Eunício Oliveira também decidiu convocar uma reunião extraordinária com os líderes partidários para tratar da questão da crise dos combustíveis. O comunicado foi lido no Plenário pelo senador Dario Berger (MDB-SC), que presidia a sessão.

No Ceará, Eunício teria uma Solenidade Alusiva aos 183 anos da Polícia Militar do Ceará, às 17h. Antes, ele também participaria uma Solenidade de Anúncio de Liberação de Recursos para o Programa de Cisternas no Ceará, à convite do Governador do Ceará, Camilo Santana (PT), seu aliado. A assessoria de imprensa não informou em qual avião ele está viajando.

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Aprovação na Câmara. A proposta enviada pelos deputados também prevê zerar, até o final deste ano, a PIS/Cofins que incide sobre o óleo diesel. A medida foi incluída no texto como um aceno aos caminhoneiros, que paralisaram as atividades em todo o País em protesto contra a alta no preço dos combustíveis. Antes de viajar, Eunício disse ao Broadcast Político que ainda não havia recebido "nada" referente ao texto aprovado na Câmara. Ele lembrou que a pauta da Casa está trancada devido a Medidas Provisórias, o que também impediria que o projeto fosse votado imediatamente.

Desde 2014, 56 setores da economia tinham desoneração de alguns impostos na folha. O texto aprovado na Câmara prevê que a metade desses setores perderão o benefício logo após a sanção do projeto. A outra metade manterá a desoneração pelos próximos três anos, só perdendo o benefício a partir de janeiro de 2021. Entre esses setores estão empresas do transporte rodoviário, ferroviário e metroviário de passageiros; construção civil; confecção/vestuário; telemarketing e varejo de calçados.

A política de desoneração da folha começou em 2011 e foi lançada pelo governo Dilma Rousseff com o objetivo de estimular a geração de empregos no País e melhorar a competitividade das empresas. O benefício se dá por meio da substituição da cobrança de uma contribuição previdenciária de 20% sobre a folha de pagamento das empresas, por um porcentual sobre o faturamento da empresa. Inicialmente a alíquota variou entre 1% e 2%. Hoje, varia entre 1% e 4,5%.

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