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Após recado duro do BC, mercado espera inflação menor e juros mais altos

Analistas diminuíram a estimativa do IPCA do ano que vem de 5,29% para 5,20%; para a Selic, a projeção para o fim de 2016 passou de 13,25% para 13,50%

Por Fabrício de Castro
Atualização:

BRASÍLIA - No primeiro Relatório de Mercado Focus após a divulgação da ata do encontro mais recente do Comitê de Política Monetária (Copom), o documento trouxe mudança nas previsões para o patamar da Selic (a taxa básica de juros) no fim deste ano e para a inflação do ano que vem. 

As projeções para a inflação do ano que vem caíram pela quarta semana consecutiva no Focus, divulgado nesta segunda-feira, 1, pelo Banco Central (BC). De acordo com o documento, a mediana para 2017 saiu de 5,29% para 5,20%. Há um mês estava em 5,43%. Para o IPCA deste ano, as estimativas ficaram congeladas em 7,21% de uma semana para outra - a taxa estava em 7,27% quatro semanas atrás.

Mudança nas projeções ocorre após sinalizações recentes do BC de que não há espaço para redução da taxa básica no curto prazo Foto:

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A mediana das projeções do mercado financeiro para a taxa Selic mudou de 13,25% para 13,50% ao ano. Há um mês, estava em 13,25% ao ano. Para o fim de 2017, o mercado seguiu projetando, pela quinta semana consecutiva, uma Selic a 11,00% ao ano. 

A mudança nas projeções ocorre após sinalizações recentes do BC de que não há espaço para redução da taxa básica no curto prazo. Na ata do último encontro do Copom, divulgada na semana passada, a instituição citou riscos de curto prazo para a inflação no Brasil, como a recente elevação nos preços dos alimentos, além dos períodos prolongados de inflação alta e de expectativas acima da meta, que reforçam os mecanismos de inércia.

A meta de inflação deste e do próximo ano é de 4,50%, com tolerância de 2 pontos porcentuais em 2016 e de 1,5 ponto porcentual em 2017. O mesmo limite de 1,5 ponto foi determinado para 2018.

A abertura dos números do relatório Focus mostra que a mediana das expectativas da inflação caminha no sentido da meta estabelecida para 2017. Desde o início de fevereiro deste ano, quando a mediana das projeções para a inflação em 2017 estava em 6,00%, as previsões de inflação para o próximo ano vêm numa trajetória de queda. Além disso, na semana passada foi a primeira vez em que os números da abertura do relatório Focus mostraram uma inflação no centro da meta de 4,5% em 2018. 

Crescimento econômico. As projeções do relatório Focus deixam claro que, pelo menos em 2016, a recessão econômica seguirá profunda. Pelo documento, houve leve melhora nas projeções para o Produto Interno Bruto (PIB) este ano, mas ainda assim o cenário é de forte retração: a mediana projetada passou de -3,27% para -3,24%. Há um mês, o mercado previa uma retração de 3,35%.

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Para 2017, o cenário é um pouco melhor, com perspectiva de PIB positivo. Ainda assim, o mercado prevê para o País um crescimento de apenas 1,10% no próximo ano, mesmo porcentual projetado há uma semana. Um mês antes, estava em 1,00%. Em junho, o Banco Central (BC) informou no Relatório Trimestral de Inflação (RTI) que sua nova estimativa para o PIB deste ano é de retração de 3,3%, ante baixa de 3,5% vista na edição anterior do documento.

As estimativas para a produção industrial mostraram tendências diferentes na pesquisa Focus para este e o próximo ano. Para 2016, a queda prevista seguiu em 5,95%. Já para 2017, a projeção permaneceu em alta de 0,75%.

Câmbio. Em meio ao esforço do BC para reduzir sua posição vendida em contratos de swap cambial, por meio de operações diárias de swap cambial reverso, o Focus voltou a mostrar queda das estimativas para o câmbio deste ano. O documento indicou que a cotação da moeda estará em R$ 3,30 no encerramento de 2016, ante projeção de R$ 3,34 do levantamento anterior. Um mês atrás, estava em R$ 3,46. O câmbio médio de 2016 passou de R$ 3,47 para R$ 3,46 de uma semana para a outra - um mês antes, estava em R$ 3,51.

Para o fim de 2017, a mediana seguiu em R$ 3,50 de uma divulgação para a outra - quatro semanas atrás estava em R$ 3,70. Já o câmbio médio do ano que vem foi de R$ 3,46 para R$ 3,45 de um levantamento para o outro - estava em R$ 3,61 um mês atrás.

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