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Após repatriação, grande parte do dinheiro ficou na Suíça, admitem banqueiros

Segundo a Receita Federal, foram regularizados até abril deste ano R$ 152,7 bi depositados no exterior, mas R$ 126,1 bi permanecem fora do País

Por Jamil Chade
Atualização:

GENEBRA - Os programas de anistia fiscal na América Latina, que no Brasil foi chamada de Lei de Repatriação, não gerou um fluxo significativo de saída de dinheiro da Suíça. Quem garante isso é o CEO da Associação dos Banqueiros Suíços, Claude Alain Margelisch. Em entrevista ao Estado, o executivo insistiu que, na maioria dos casos, o dinheiro foi regularizado. Mas não deixou a Suíça.

Segundo a Receita Federal, por conta do programa de repatriação, foram regularizados até abril deste ano R$ 152,7 bilhões depositados no exterior. Mas permanecem fora do Brasil R$ 126,1 bilhões. O Banco Central registrou a entrada no País de R$ 26,6 bilhões. Desses, R$ 3,5 bilhões estavam na Suíça. 

Segundo a Receita Federal, foram regularizados até abril deste ano R$ 152,7 bi depositados no exterior, mas R$ 126,1 bi permanecem fora do País Foto: PAULO LIEBERT | ESTADÃO

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Margelisch, porém, insiste que a maior parte do dinheiro ficou nos bancos do país, que exigiram uma regularização de seus clientes. Mas, em troca, ofereceram serviços e ajuda para completar o processo de regularização. Além do Brasil, o México também promoveu um plano de anistia fiscal. 

"Não vimos uma saída de dinheiro", garantiu o representante dos banqueiros. "Na América Latina, a maioria dos clientes optou por ficar. Isso também foi um serviço oferecido pelos bancos suíços que acompanharam seus clientes e mostraram que tinham uma oportunidade de regularizar seus ativos", explicou. 

"Os bancos recomendaram aos seus clientes: pague a multa, regularize a situação. Mas mantenha o dinheiro na Suíça, aproveitando-se de nossa expertise. Vimos isso não apenas com América Latina, mas com programas similares no passado da França, Alemanha e Itália. A maioria optou por continuar na Suíça, pois querem os serviços", justificou. 

No caso específico do Brasil, Margelisch apontou que "a maioria optou por regularizar sua situação". "A lógica era de que poderiam aproveitar a ocasião para fazer isso, estar limpo em seu país", disse. 

Ele também garante que, ao contrário de anos anteriores, clientes não optaram por retirar o dinheiro da Suíça e buscar outros centros financeiros mais opacos. "No passado, vimos que certos clientes tentaram escapar para outros países. Mas, dois ou três anos depois, esses países também foram obrigados a fazer troca de informações fiscais", disse. 

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Nem todos os bancos concordam com a constatação da entidade de que o dinheiro sul-americano não tenha saído. O Credit Suisse, um dos maiores bancos do mundo, admitiu em seu informe anual que programas de regularização promovidos na América Latina em 2016 contribuíram para uma fuga de capital do banco.

A fuga teria chegado a US$ 1,5 bilhão apenas de clientes latino-americanos. Em seu informe, o banco não cita o nome de países.

O Credit Suisse, que também vem insistindo em ter apenas clientes com recursos regularizados, é a segunda instituição financeira suíça a apontar para o mesmo fenômeno. 

O banco Julius Baer também indicou que registrou uma queda de ativos em relação aos clientes da América Latina. Entre dezembro de 2015 e dezembro de 2016, por conta de incertezas políticas em diversos países da região, assim como programas voluntários de repatriação, houve saída de recursos que impactaram o fluxo de ativos.

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