Após tombo na quarentena, incorporadoras começam a retomar lançamentos

Vendas conjuntas das 15 principais incorporadoras com ações na Bolsa caíram 21% no segundo trimestre, mas melhora vista entre junho e agosto já anima os empresários do setor

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Por Circe Bonatelli
3 min de leitura

Depois do tombo sofrido nos últimos meses, quando a pandemia da covid-19 derrubou as vendas e os lançamentos de imóveis, as incorporadoras começam a se reerguer. A maioria das empresas listadas na Bolsa diz que os negócios estão melhorando e, por isso, já se movimentam para lançar empreendimentos postergados durante a quarentena.

As vendas conjuntas das 15 principais incorporadoras com ações em Bolsa (Cyrela, Direcional, Eztec, Even, Gafisa, Helbor, Mitre, MRV, Moura Dubeux, PDG Realty, RNI (antiga Rodobens), Rossi, Tecnisa, Tenda e Trisuem) totalizaram R$ 4,44 bilhões no segundo trimestre de 2020, uma retração de 21% em relação ao mesmo período de 2019, quando o mercado estava aquecido. Os lançamentos conjuntos ficaram em R$ 2,79 bilhões no período, um recuo de 54%.

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Cyrela fez novos lançamentos em junho, julho e agosto, com desempenho de vendas considerado saudável. Foto: Perspectiva/Cyrela

O tamanho da queda nas vendas não foi tão feio quanto o imaginado por empresários e analistas no início da quarentena, quando todos tomaram um susto com o fechamento do comércio e as incertezas sobre os rumos da economia do País. A redução nas vendas foi amortecida pelo recorde de baixa nos juros do crédito imobiliário, que aumentou o poder de compra das famílias.

Além disso, foram implementados canais de atendimento digital por imobiliárias, bancos e cartórios, permitindo as assinaturas de contratos a distância, algo praticamente inédito até então.

Com muito mais vendas do que lançamentos no trimestre, o estoque de imóveis diminuiu. E os sinais de melhora a partir de maio animaram os empresários.

"Nossas vendas caíram de forma acentuada entre março e abril. Em maio começou a recuperação e em junho o desempenho foi forte", comentou o diretor financeiro da Cyrela, Miguel Mickelberg. O grupo fez lançamentos em junho, julho e agosto, com desempenho de vendas considerado saudável, o que gerou mais otimismo.

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Retomada

A incorporadora Mitre, que abriu seu capital neste ano, também está acelerando as atividades. "Fechamos o segundo trimestre sem lançar nada, mas vendemos bem o estoque. Isso nos deu conforto para voltar a lançar", afirmou o diretor de relações com investidores, Rodrigo Cagali. A companhia lançará três projetos neste trimestre - nos bairros da Freguesia do Ó, Tucuruvi e Perdizes. O da Freguesia já saiu e teve 42% das unidades vendidas em um mês. "A quantidade de visitas nos estandes está elevada. Preenchemos todos os horários de atendimentos. Estamos animados", disse.

O presidente da Trisul, Jorge Cury, também relatou melhora: "Após a reabertura dos estandes, tivemos uma aderência grande dos clientes. A demanda está boa". A Trisul lançou três empreendimentos em junho e tem dois programados até o fim deste mês. Cury conta que, no meio da quarentena, já havia praticamente desistido de atingir sua meta de lançamentos prevista para 2020, na faixa de R$ 1 bilhão a R$ 1,3 bilhão. Com a recuperação dos negócios mais cedo que o imaginado, o executivo passou a achar possível alcançar ao menos o piso da meta neste ano.

Ao longo da temporada de apresentação dos balanços, várias empresas detalharam seus próximos lançamentos (algo pouco comum no setor) após o desempenho fraco no segundo trimestre. Os anúncios foram parte da tentativa de demonstrar confiança na recuperação do mercado imobiliário e acalmar investidores neste momento delicado da economia global.

A Gafisa comunicou a meta de três lançamentos até setembro nos bairros de Perdizes, Jardins e Moema. Se confirmada, será a retomada de lançamentos pela Gafisa, interrompidos há mais de um ano, por causa de problemas internos. A paulistana Tecnisa anunciou que lançará um projeto no Mooca. A pernambucana Moura Dubeux, que estreou na Bolsa este ano, também prometeu quatro novos projetos neste trimestre, dois em Recife e dois em Fortaleza.

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