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Após Transpetro, consórcio quer plataformas da Petrobras

O Consórcio Atlântico Sul, estreante no setor e ainda sequer sem uma infra-estrutura física instalada, está de olho na P-55 e na P-57

Por Agencia Estado
Atualização:

Vencedor do maior lote da licitação da Transpetro, no valor de US$ 1,2 bilhão, ou metade da encomenda total, o Consórcio Atlântico Sul, estreante no setor e ainda sequer sem uma infra-estrutura física instalada, já está de olho em outra disputa: das plataformas P-55 e P-57, da Petrobras, que podem triplicar este montante de investimentos. Composto por três das maiores construtoras do País (Camargo Correa, Andrade Gutierrez e Queiroz Galvão), cada uma com 30% de participação, o consórcio ainda conta com a parceria do estaleiro Aker-Promar (10%), e terá respaldo tecnológico do gigante coreano Samsung, para disputar não somente estas licitações da Petrobras, mas também tentar levar pelo menos parte dos investimentos que petrolíferas do mundo todo devem destinar nos próximos anos ao Brasil, Golfo do México e oeste da África. "A idéia é transformar o grupo num grande player mundial dentro de no máximo cinco anos", afirmou em entrevista exclusiva ao Estado, Carlos Camerato, diretor superintendente da área de construção naval da Camargo Corrêa. O primeiro passo rumo a este negócio bilionário será elevar a proposta de financiamento feita há três anos ao Fundo de Marinha Mercante, para a construção de um estaleiro em área de um milhão de metros quadrados no porto de Suape (PE), com capacidade para atender tanto a construção de navios (petroleiros, graneleiros, de contêineres e outros) quanto plataformas de exploração de petróleo e gás natural em águas ultraprofundas. Inicialmente, explica Camerato, o grupo havia solicitado US$ 220 milhões, numa época em que o dólar estava na casa dos R$ 3. "Hoje isso certamente terá que ser revisto, já que com o dólar a R$ 2,20, alguns investimentos aumentaram quase 50%", disse o executivo sem calcular o montante que deve ser requisitado ao Fundo. Aposta O estaleiro é uma das grandes apostas do governo brasileiro de criar no país a escala de produção na indústria naval, semelhante a existente hoje nos países asiáticos. Com esta escala, dizem os especialistas, seria possível reduzir os custos das encomendas e atender a uma demanda que cresce assustadoramente ano após ano, principalmente devido ao crescimento da China e Índia, que movimentam um maior número de navios no mundo todo. Um bom exemplo na queda de custos da construção de um navio é a própria encomenda da Transpetro. O primeiro dos 10 navios a ser construído pelo Atlântico Sul para a Transpetro custará US$ 127,5 milhões, enquanto o último sairá por US$ 116,2 milhões. "O custo ainda está superior ao construído fora do Brasil. Para isso, é muito bom que haja vantagens financeiras no país, ante o financiamento oferecido lá fora. Afinal, nenhuma indústria naval no mundo se fez sem subsídio". Hoje, do setor de transporte naval, que movimenta cerca de US$ 75 bilhões anuais, o Brasil ocupa apenas uma fatia de 4% e gasta em torno de US$ 10 bilhões em frete. "É um nicho fantástico para novos negócios".

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