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Após três anos, canal de Santos é ampliado

Projeto para facilitar acesso ao porto teve de ser paralisado e revisto várias vezes

Por RENÉE PEREIRA
Atualização:

O governo federal conseguirá, enfim, aumentar a profundidade do canal de acesso do Porto de Santos, após três anos de muitas idas e vindas de obras, paralisações e revisões no projeto. Iniciada em 2010 e prevista para ser concluída no ano seguinte, a dragagem deveria aumentar de 13,5 para 15 metros a entrada do porto. Mas, no processo de homologação das novas medidas, a profundidade verificada pela Marinha do Brasil ficou entre 14,5 e 14,9 metros.Com as novas medições, o calado (distância da lâmina d'água até a quilha do navio) estabelecido para Santos subirá de 12,3 para 13,2 metros na maré normal e de 13,3 para 14,2 na maré alta. Embora represente ganhos importantes para a eficiência dos terminais, a profundidade que será aprovada nas próximas semanas ainda não é suficiente para permitir a entrada de navios maiores que aqueles que já atracam no porto hoje, muito menos os super navios em operação no mundo.O capitão dos Portos de São Paulo, comandante Marcelo Ribeiro de Souza, um dos responsáveis pela homologação da dragagem, explica que, pela regra e para garantir a segurança, o calado autorizado tem de ser, pelo menos, 10% menor que a profundidade do canal. Na primeira tentativa de homologar a nova profundidade do canal de acesso, a Marinha entendeu que as medidas não justificavam mudanças e mais uma dragagem teve de ser realizada para corrigir os erros apontados.Uma nova proposta foi apresentada em março. E agora só depende de simulações de manobras e do reposicionamento das boias para que as medidas sejam homologadas, afirma o comandante. Na avaliação dele, embora a profundidade esteja menor que a meta estipulada inicialmente, haverá grandes avanços no estuário santista. "Cada 10 centímetros de calado significa 70 contêineres a mais que um navio poderá carregar." Para o consultor da Porto Assessoria, Nelson Carlini, os terminais de grãos serão mais beneficiados que os de contêineres. A explicação é que os graneleiros normalmente não fazem escalas em outros portos e podem aproveitar mais a maré alta para encher os porões. Já o navio de contêiner faz escalas em outros portos e não pode ficar parado esperando a maré subir para sair com mais carga.Limitações. Para Carlini, a nova profundidade do canal melhora bastante a operação em Santos, mas não resolve totalmente o problema. O calado de alguns berços de atracação, por exemplo, vai continuar menor que o canal de acesso. Na prática, significa manter as limitações para carregar os navios. No Tecondi, dois berços de atracação permitem navios com calado entre 10,5 e 11,7 - bem abaixo dos 13,2 metros que serão autorizados. Em um outro berço do terminal, haverá um ganho de 70 centímetros durante a maré alta, mas também abaixo do que será estabelecido. Na Rodrimar, varia de 10,8 a 11,5 metros. Na Santos Brasil e Libra, a tendência é melhorar os ganhos de produtividade, já que os calados atingem 13,3 metros.O ministro da Secretaria de Portos, Leônidas Cristino, destaca que as dragagens de manutenção das bacias e dos berços dos portos serão incluídas no Plano Nacional de Dragagem 2 (PND2), que prevê investir R$ 3,8 bilhões no sistema nacional durante dez anos. "O problema é que em alguns terminais a infraestrutura do cais não permite um aprofundamento, pois corre o risco de cair", afirmou um operador de Santos.

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