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Após três anos, importações devem voltar a subir em 2017

Com o aumento das compras no exterior, superávit comercial deve ser menor que o projetado para este ano

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Por Eduardo Laguna (Broadcast)
Atualização:

Puxadas pela recuperação aguardada na economia, as importações devem voltar a subir em 2017 depois de três anos consecutivos em baixa – período no qual, sob o impacto da recessão, regrediram a patamares de 2009, quando a crise financeira internacional alcançou seu auge. Já as exportações, mesmo que cresçam, tendem variar menos do que as compras de produtos do exterior se as previsões do mercado estiverem, em sua maioria, corretas.

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O resultado será um superávit inferior em US$ 2 bilhões aos US$ 47 bilhões previstos para este ano. Esse é, na mediana, o número considerado pelas instituições financeiras consultadas pelo Banco Central no boletim Focus, mas há prognósticos mais pessimistas, como o da Mapfre, que aponta redução de US$ 16 bilhões na balança.

A tendência é de peso menor – em alguns cálculos, até negativo – do setor externo na variação do Produto Interno Bruto (PIB) do ano que vem. Nas contas do Santander, a contribuição da balança na atividade econômica deverá ser de apenas 0,4 ponto porcentual, enquanto nos cálculos do Itaú Unibanco o impacto é negativo, com desconto de 0,3 ponto porcentual. Em 2016, a contribuição foi de 2 pontos no cálculo do Santander e de 1,7 ponto porcentual no do Itaú. Ou seja, não fosse o setor externo, o PIB poderia, a grosso modo, encolher 5,5% em 2016, e não 3,5%, como se espera.

Apesar dos efeitos positivos, como ter aliviado o déficit das transações correntes, o salto é atribuído por analistas à crise econômica. Em 2017, com maior atividade produtiva, espera-se que as importações voltem a subir. A expectativa é de que sejam puxadas mais pelos bens intermediários do que pelos bens de consumo ou pelos investimentos em bens de capital, limitados pela ociosidade industrial.

“A importação de bens de capital deverá ser mais para repor do que para aumentar a capacidade de produção’, diz André Leone Mitidieri, economista da Funcex.

Entre consultorias, bancos e instituições empresariais, como a Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), há consenso de que os importados voltarão a crescer não só em volume adicional sobre uma base de comparação deprimida, mas também em montante financeiro, dado o aumento nos preços de insumos, como os fertilizantes usados pelo agronegócio.

As variações previstas por economistas ouvidos pelo Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado, vão de crescimento de 4%, na conta mais conservadora – feita pelo Santander – a 15%, projeção feita pela Mapfre. Dentro dessa faixa, constam ainda previsões da consultoria Rosenberg, além de Itaú e AEB.

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Trump. Já o desempenho das exportações parece ser mais incerto nos cenários dos analistas por causa da eleição de Donald Trump nos Estados Unidos. A depender do que Trump decidir fazer quando chegar à Casa Branca, não são desprezíveis os estragos que, mesmo indiretamente, o Brasil poderá sofrer. Barreiras dos Estados Unidos à China, como ameaça fazer o magnata, atingiriam em cheio não apenas produtos que carregam insumos brasileiros, mas também todos os demais países que dependem do apetite por matérias-primas de um gigante que respondeu por 30% do crescimento econômico global nos últimos dez anos.

Por ora, enquanto as promessas mais radicais feitas em campanha pelo republicano são tratadas como riscos no horizonte, a maioria dos economistas mantém a aposta na primeira alta das vendas de produtos brasileiros ao exterior em seis anos.

A valorização das commodities – sobretudo minério de ferro e petróleo –, a safra recorde da soja e a perspectiva de crescimento da economia argentina são motivos que justificam o otimismo. As previsões levam ainda em conta um dólar que deve manter o padrão de competitividade deste ano, ao redor da média próxima de R$ 3,50. Um câmbio abaixo da linha de R$ 3,00, possibilidade que chegou a assustar exportadores em alguns meses de 2016, saiu do radar com a crise política, as incertezas no cenário externo e o aumento dos juros americanos menos gradual do que se antecipava.

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