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Após TST declarar greve abusiva, Correios anunciam desconto de salário e benefícios

Nesta sexta-feira, 84,42% do efetivo dos Correios compareceu ao trabalho, o que representa pouco mais de 90 mil funcionários

Por Caio Rinaldi
Atualização:

Após o Tribunal Superior do Trabalho (TST) declarar abusiva a paralisação de funcionários dos Correios, a estatal decidiu descontar dos grevistas salários e benefícios relativos aos dias não trabalhados. Nesta sexta-feira, 29, de acordo com os Correios, 84,42% do efetivo da empresa compareceu ao trabalho, o que representa pouco mais de 90 mil funcionários.

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Segundo a categoria, a greve foi iniciada pelos trabalhadores após as negociações com a Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT) terem sido adiadas sucessivamente, com pontos negligenciados durante reuniões ocorridas. Alterações e exclusões de cláusulas relacionadas à saúde não teriam sido debatidas adequadamente. Os funcionários também querem que o reajuste salarial proposto pelos Correios, de 3% a partir de janeiro de 2018, seja retroativo a agosto de 2017.

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Uma das reivindicações dos funcionários é que o reajuste salarial proposto pelos Correios, de 3% a partir de janeiro de 2018, seja retroativo a agosto de 2017. Foto: Marcello Casal Jr./ABr

Na semana que vem, provavelmente na segunda-feira, 2, os Correios devem ingressar no TST com uma ação de dissídio coletivo, explicou ao Estadão/Broadcast a assessoria de comunicação da estatal.

Os Correios citam a decisão do TST em nota, antes de explicar que o desconto será realizado nas folhas de pagamento de setembro e outubro, atingindo também os benefícios dos profissionais. "Cabe ao empregador adotar as providências que entender pertinentes, conforme sua conveniência, partindo da premissa de que para tais trabalhadores não há greve, mas simplesmente ausência ao trabalho, desvinculada de qualquer movimento paredista", afirmou o vice-presidente do TST, ministro Emmanoel Pereira, na decisão em que declarou a paralisação abusiva.

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Os dias não trabalhados serão considerados "falta injustificada", acarretando no corte do salário e descontos proporcionais sobre o valor do repouso semanal remunerado e vale-alimentação; alteração na data base para anuênios; e redução do período de fruição das férias a partir da quinta falta. Também será implementada inelegibilidade para promoção horizontal por antiguidade e para transferências a pedido a partir da quinta falta.

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"Os Correios fazem um apelo para os trabalhadores que aderiram à paralisação para que retornem aos seus postos de trabalho, de forma a evitar maiores prejuízos para a empresa, para os empregados e para a sociedade", diz a nota.

Nestes sábado, 30, e domingo, 1.º, os Correios realizarão mutirões "para colocar em dia a carga de objetos postais". A rede de atendimento em todo o País está funcionando, porém os serviços com hora marcada, como Sedex 10 e Disque Coleta, estão suspensos.

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Trabalhadores. A Federação Interestadual dos Sindicatos dos Trabalhadores e Trabalhadoras dos Correios (Findect) está entrando com uma representação no TST para derrubar a liminar proferida ontem pelo ministro Emmanoel Pereira, informou ao Estadão/Broadcast a assessoria da Federação. "O argumento é de que os Correios não podem suspender o que é base para a alimentação da família, que são o salário e o vale-alimentação."

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A assessoria da Findect apontou que o objetivo é garantir o pagamento integral aos funcionários que aderiram à greve, enquanto é negociada a retroatividade do reajuste de 3%, firmado no Acordo Coletivo de Trabalho 2017/18 e ainda não ratificado em assembleia, a partir de agosto de 2017. "Nossa próxima assembleia acontece na segunda-feira, 2, e, mesmo com a decisão liminar, ainda continuamos em greve, intensificando o movimento." A greve, diz a assessoria, só pode ser encerrada em assembleia.

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Já a Federação Nacional dos Trabalhadores em Empresas de Correios e Telégrafos e Similares (Fentect) contestou a decisão liminar do TST. "Em nenhum momento a federação se absteve de realizar as negociações com a Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT), tendo reiterado a disponibilidade do Comando de Negociação. A própria direção da empresa, por meio de nota, cancelou as negociações devido à deflagração da greve. Logo, a decisão dos empregados não é fato impeditivo para a continuidade do processo de negociação." 

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A Fentect declarou que vai ao TST apresentar seus argumentos. "Ao longo dos próximos dias, a federação terá a árdua missão de esclarecer devidamente toda a situação via procedimentos judiciais pertinentes, no Tribunal Superior do Trabalho."

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