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Após um ano em recuperação judicial, Via Uno fecha fábrica e para produção

Segundo o administrador judicial da empresa, as lojas da marca continuarão abertas

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Por Fernando Scheller
Atualização:

Há um ano em recuperação judicial, a fabricante e varejista de calçados Via Uno encerrou nesta semana as atividades da última das três fábricas que mantinha na Bahia, demitindo cerca de 800 trabalhadores, segundo o Sindicato dos Trabalhadores da Indústria Calçadista (Sintracal) do Estado. Com o fechamento, a empresa deixará de ter fabricação própria e, para continuar no mercado, terá de encontrar um parceiro para terceirizar a produção.

Loja da Via Uno em shopping de São Paulo Foto: Epitácio Pessoa/Estadão

Segundo o administrador judicial da empresa, Laurence Medeiros, a ideia é manter a companhia "viva". Ele diz que o fundador da Via Uno, César Minetto, que seguiu à frente do dia a dia do negócio mesmo após a recuperação, já negocia contratos de fornecimento. "As lojas continuam abertas", afirma Medeiros. Minetto não retornou o contato da reportagem.

Segundo o site da Via Uno, a empresa tem hoje 44 unidades no País - há um ano, eram 135. Há quatro anos, porém, a companhia tinha 200 unidades no País e estava presente em cidades referência para o mundo da moda, como Paris e Milão.

Criada em 1993 como uma fábrica que vendia sapatos populares para o mercado multimarca, a empresa decidiu seguir os passos da Arezzo a partir de 2003, investindo em unidades próprias e produtos de maior valor agregado. Em 2010, anunciou que chegaria a 300 lojas ao fim daquele ano - meta que jamais se concretizou.

Há quatro anos, a receita da Via Uno era estimada pelo mercado em R$ 400 milhões, cerca da metade do que a Arezzo faturava naquele momento. Segundo franqueados da Via Uno, porém, a tentativa da empresa de tornar os produtos sofisticados foi abrupta e não foi bem aceita pelo consumidor, o que gerou problemas na operação (leia mais ao lado).

Dívidas.

Após anos de dificuldades, as dívidas da Via Uno somavam R$ 240 milhões na época do pedido de recuperação. Com o fechamento das fábricas, a conta deve aumentar, segundo Jurandir Souza Brito, secretário-geral do Sintracal.

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Isso porque, na reunião que oficializou o fechamento, a empresa alegou que não tinha dinheiro para pagar as verbas rescisórias. Brito diz ainda que a empresa deve pelo menos dois anos de FGTS aos trabalhadores. "Nem a contribuição sindical, que foi descontada dos trabalhadores, nos foi repassada", afirma o sindicalista.

Fontes ligadas à Via Uno afirmam que uma das estratégias da administração atual seria a venda de maquinários e de estoques para saldar as dívidas trabalhistas.

Além das demissões nas fábricas - que somaram cerca de 2 mil desligamentos nos últimos três anos -, a empresa também fez nesta semana um corte no setor administrativo em sua sede, no Rio Grande do Sul, com o objetivo de reduzir custos.

Embora a companhia tenha a intenção de terceirizar sua produção, uma fonte do setor calçadista diz que, dado o histórico da Via Uno, pode ser difícil encontrar um parceiro neste momento. Metade da dívida da Via Uno é justamente com antigos fornecedores que não receberam.

A situação da companhia será discutida em uma assembleia de credores, no próximo dia 24.

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