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Aposta em infraestrutura para crescer 22% ao ano até 2013

Vitor Hallack: presidente do Conselho de Administração do Grupo Camargo Corrêa; executivo diz que fim da crise vai gerar negócios na construção pesada e com concessões de serviços públicos

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Por Redação
Atualização:

Presidente do Conselho de Administração do grupo Camargo Corrêa desde 2006, Vitor Hallack, 56 anos, foi professor de cursinho pré-vestibular e vendedor de material de escritório. Formado em direito pela Universidade Federal de Juiz de Fora, com mestrado em administração de empresas nos Estados Unidos, ele foi longe na carreira. Antes de chegar à Camargo, esteve no primeiro time de executivos da Vale, ainda na fase de empresa estatal, do grupo Bozano Simonsen e da Embraer. Como bom mineiro de Juiz de Fora, Hallack torce para um clube de futebol do Rio de Janeiro - o Fluminense. Sem motivos para empolgação no esporte, Hallack, junto aos donos do grupo, anunciou planos de investir cerca de R$ 27 bilhões até 2013. Nesta entrevista, ele explica como a Camargo pretende buscar os recursos para bancar os projetos para os próximos quatro anos e meio. Tivemos a informação de que a Camargo vai colocar à venda as participações acionárias que tem na Itaúsa, na Alcoa e na Tavex. O senhor confirma? O grupo planeja investir cerca de R$ 27 bilhões até 2013. Disso, imaginamos que R$ 12 bilhões a R$ 13 bilhões serão dívida e mais ou menos R$ 6 bilhões de geração própria. Faltam de R$ 8,5 bilhões a R$ 10 bilhões. Virão de onde? A gente vai ter que buscar no mercado de capitais ou transformar ativos em dinheiro. Aí é que entra a desmobilização. Quais ativos? Itaúsa, Alcoa... Não vou comentar especificamente A, B ou C. Agora, quando você olha nossos negócios, Itaúsa ou Alcoa são ativos que não entram nas categorias de negócios principais, consolidados ou em desenvolvimento. Logo, são reservas de valor, são ativos que têm liquidez, é como se fosse caixa. O senhor poderia dizer quanto valem essas participações? Prefiro não dizer. A determinação de vender ou não um ativo ou é muito em função do momento, da oportunidade de investir e do preço dele. Que empresas do grupo poderiam abrir o capital? Quando falamos de mercado de capitais, já estamos presentes através da CCR (empresa que administra concessões rodoviárias), Usiminas, CPFL (distribuidora de energia) e a CCDI (incorporadora de imóveis). Isso significa que a captação vai ocorrer através dessas empresas que já estão na bolsa? Dessas e de outras que a gente tenha no portfólio. Poderemos considerar a abertura de capital de outras empresas, no tempo devido. A CCDI era empresa de capital fechado. Como pretendem aplicar os R$ 27 bilhões? Mais ou menos assim: R$ 11bilhões no setor de energia, R$ 7 bilhões em cimento, R$ 2 bilhões em siderurgia, outros R$ 2 bilhões em construção, R$ 1,8 bilhão nas concessões rodoviárias e R$ 1,4 bilhão na empresa de operação de aeroportos. O restante será pulverizado. O grupo planejou atingir um faturamento de R$ 40 bilhões em 2013. Isso é mais que o dobro dos R$ 15,4 bilhões do ano passado. Não é uma meta muito ambiciosa? Para chegar nisso o grupo terá de crescer a uma média anual de 22%. Para nós, esse é um número confortável, se se confirmar a recuperação econômica. Nos últimos 5 anos, essa foi a nossa média de crescimento, apesar do nosso conservadorismo em termos de endividamento. Essa é, portanto, a nossa velocidade de cruzeiro. Se a economia crescer mais, poderemos ir além. Vocês estão apostando num crescimento vigoroso da economia. Ainda não é certo que a crise já passou ... O Brasil teve a felicidade de dominar a inflação. Ela inibe o crescimento, prejudica a distribuição da renda. Lógico que ainda tem espaço para melhorar, mas estamos em níveis que permitem às empresas um planejamento mais confiável. E possibilitou uma outra mudança importante, que foi a redução dos juros. Isso também funciona como um estímulo à economia. O Brasil será um dos primeiros a sair da crise. Na nova onda de crescimento, para o País capturar as novas oportunidades que o mundo propiciará, será preciso superar os gargalos da infraestrutura. E isso tem tudo a ver com o posicionamento da Camargo. Estamos há 70 anos na construção de infraestrutura e mais recentemente entramos na operação de rodovias, aeroportos, distribuição de energia. Vão investir no exterior? Também consideramos. Quando falamos em cimento, energia, construção, tudo isso contempla o mercado internacional. Seguindo a nossa geografia, a lógica dos nossos negócios, que é a geografia da América do Sul e África. É verdade que o senhor foi professor de cursinho? Já dei aula, durante a universidade. Era para me manter, eu estudei em universidade pública. Se você olhar minha carteira de trabalho vai ver que já fui vendedor de material de escritório, dei aula, estagiei em escritório de advocacia, trabalhei na Vale durante muitos anos...

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