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Aposta em juro menor nos EUA turbina bolsas e derruba dólar

Ibovespa bate 41.º recorde do ano e dólar atinge menor cotação em sete anos e meio

Por Leandro Mode
Atualização:

A expectativa de que o Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos) reduzirá a taxa básica de juros em sua reunião que começa hoje e termina amanhã animou investidores do mundo todo nesta segunda-feira. As principais bolsas de valores subiram. No Brasil, o Índice da Bolsa de Valores de São Paulo (Ibovespa) bateu o 41º recorde do ano e o dólar recuou para o menor nível ante o real desde 12 de abril de 2000. A maioria dos analistas acredita que o BC americano cortará o juro básico em 0,25 ponto porcentual, para 4,5% ao ano. Na última reunião, em 18 de setembro, a taxa caiu de 5,25% para 4,75% ao ano. Os especialistas avaliam que o custo do dinheiro menor amenizará os impactos negativos da crise imobiliária no restante da economia americana, evitando, assim, uma recessão. O Produto Interno Bruto (PIB) dos Estados Unidos equivale a cerca de um terço da economia global e uma recessão seria sentida em todo o planeta. O Índice Dow Jones, o mais importante da Bolsa de Nova York, avançou 0,46% e a bolsa eletrônica Nasdaq, 0,47%. O Índice FTSE-100, da Bolsa de Londres, valorizou 0,67%. No Brasil, o Ibovespa teve alta de 1,2% e foi a 65.044 pontos. A aposta em um juro menor nos EUA também mexeu com o mercado de câmbio. O euro atingiu nova máxima ante o dólar, a US$ 1,44. Por aqui, a moeda americana voltou a perder terreno frente o real - desvalorizou-se 0,68% e fechou a R$ 1,757. Isso ocorre porque os investidores estão tirando recursos dos EUA, onde a tendência para o juro é de queda, e colocando em países onde essa taxa é maior, como o Brasil (11,25% ao ano). Na zona do euro, o juro básico está em 4% ao ano. ''''Uma combinação de aversão a risco e antecipação de futuros cortes pelo Fed é negativa para o dólar'''', disse Ashraf Laidi, chefe de câmbio da CMC Markets, em Nova York. Segundo analistas, o desempenho mais expressivo dos ativos brasileiros se explica pelas perspectivas especialmente positivas para a economia do País. ''''Há uma lista gigante de aberturas de capital (IPO, na sigla em inglês) para sair, entre elas a da BM&F (Bolsa de Mercadorias & Futuros)'''', destacou Maristela Ansanelli, economista-chefe do Banco Fibra. ''''Além disso, acreditamos que o País receberá o grau de investimento já no primeiro trimestre de 2008.'''' Essa classificação é dada por empresas de avaliação de risco e significa que a probabilidade de que um tomador de crédito dê calote é baixíssima. Roberto Padovani, economista do Banco WestLB, acrescenta outro fator que sintetiza o otimismo com o Brasil. ''''Mesmo que haja uma recessão nos EUA, com efeitos negativos no resto do planeta, a economia brasileira tenderia a sofrer menos porque o País tem reservas internacionais elevadas e porque está bem posicionado na oferta de commodities'''', explicou. Padovani ressaltou que, hoje, as chances de uma recessão nos EUA são baixas. Ainda assim, tanto ele quanto Maristela advertem que os mercados podem estar exagerando. ''''Não vejo recessão nos EUA, mas o cenário talvez não esteja tão rosa quanto os mercados estão precificando'''', disse Maristela. ''''Os investidores estão se apoiando muito no Fed. A médio prazo, o cenário é bom, mas, no curto, haverá volatilidade'''', afirmou Padovani. No exterior, também há especialistas desconfiados. ''''Estamos indo bem, apesar dos preços do petróleo ainda em alta e do enfraquecimento do dólar'''', disse Peter Sorrentino, da Huntington Asset Management.

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