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Apps organizam de plantões a internação

Empresas consolidadas e startups criam meios para agilizar processos médico-hospitalares e reduzir custos das instituições de saúde

Por Hugo Passarelli
Atualização:
Integrar toda a rede de saúde em um ambiente digital é aposta da Pixeon para melhorar o diagnóstico dos pacientes e enxugar gastos Foto: Gabriela Biló/Estadão

No lugar de um amontoado de fichas preenchidas à mão, entram prontuários eletrônicos disponíveis para todos os médicos e departamentos com o histórico completo do paciente. Para resolver a árdua tarefa de organizar plantões de, às vezes, centenas de funcionários, um aplicativo que simplifica a comunicação e ajuda a preencher os buracos na escala.

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Esses são apenas alguns exemplos de saídas criativas com uso de tecnologia no setor de saúde que empreendedores brasileiros têm adotado nos últimos anos. Esse novo nicho de mercado reúne de startups a empresas mais consolidadas. Em comum, todas buscam agilizar o atendimento nos processos médico-hospitalares e reduzir custos.

Além das tarefas corriqueiras, processos mais trabalhosos, como o agendamento de cirurgias, podem ser facilitados pela digitalização. “Marcar um procedimento cirúrgico exige coordenar a reserva do espaço físico com o uso dos equipamentos e a mobilização de equipes de anestesia e cirurgia. Nos hospitais que trabalham de forma manual, isso se torna uma atividade complexa”, afirma Roberto Ribeiro da Cruz, presidente executivo da Pixeon.

A economia de tempo e dinheiro é ainda mais crucial para enfrentar a escassez de recursos no setor público de saúde. Segundo Cruz, na Santa Casa de Porto Alegre, a Pixeon constatou que mais de 40 mil filmes de exames eram desperdiçados por mês, pois os pacientes não os retiravam. A solução proposta pela empresa foi permitir o acesso aos exames pela internet e só imprimi-los, na hora, para quem fosse retirá-los pessoalmente.

No começo, a Pixeon, inaugurada em 2003, desenvolvia softwares para a área de diagnóstico por imagem e aos poucos foi expandindo sua atuação. A grande aposta da companhia hoje é digitalizar e integrar toda a cadeia médica para aperfeiçoar os diagnósticos. Atualmente, ela emprega cerca de 400 funcionários espalhados por escritórios em São Bernardo do Campo, Florianópolis, Salvador, Belo Horizonte, Recife e Rio de Janeiro.

Na Bionexo, em funcionamento desde 2000, a ideia foi trazer mais transparência para hospitais e fornecedores na compra de insumos. Para isso, a empresa conta hoje com um cadastro de 1,3 mil compradores (hospitais, clínicas e laboratórios) e 7 mil fornecedores.

Quando precisa de um item, a instituição de saúde faz a solicitação no sistema e pode escolher entre uma ampla gama de empresas e preços. A Bionexo não mantém estoques e apenas faz a intermediação entre as partes. Para lucrar com isso, cobra uma mensalidade das instituições de saúde. Em 2016, a empresa prevê que a plataforma irá movimentar R$ 6 bilhões em transações. Além do Brasil, a Bionexo também atua em Argentina, Colômbia, México e Espanha.

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A aposta na tecnologia também levou a empresa a desenvolver outra iniciativa: o Whizhealth, um programa de aceleração de startups da saúde tocado em conjunto com a Gema Ventures. Em sua segunda edição, o programa promete dar suporte às companhias iniciantes e ajudar na penetração nesse mercado. “O setor de saúde costuma ser de difícil acesso às estreantes. Nós mostramos o caminho das pedras e ajudamos a estruturar os negócios”, afirma Luisa Ribeiro, da Gema Ventures.

Para Fábio Barbosa, gestor do programa na Bionexo, a vantagem do Whizhealth é não ter amarras. “Não compramos participação nas startups nem exigimos que a solução deles seja útil para a Bionexo.”

Nó no plantão. O Whizhealth aceita inscrições até o dia 11. Na primeira edição, a startup Pega Plantão foi uma das escolhidas para receber mentoria. Criada em Campo Grande e hoje com sede comercial em São Paulo, a empresa nasceu com o propósito de desatar o nó das escalas de plantão. “Não conheço nenhum lugar absolutamente bem organizado. Existe aquele que não tem problema porque a escala é estática. Os demais casos são bagunçados”, afirma Fábio Paradiso, cofundador da startup. O Pega Plantão é comandado pelo gestor da equipe, que dispara as informações para todos. Alterações na escala ou necessidade de um funcionário para repor a falta de outra chega por meio de notificações em um aplicativo de celular.

A startup ainda pode ser usada por grupos de médicos, como anestesistas, que geralmente prestam serviço para mais de uma instituição e precisam ajustar horários e dias de trabalho constantemente.

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A experiência do Pega Plantão rendeu um contrato como Hospital do Coração (Hcor), em São Paulo. A aproximação foi facilitada porque Ary Ribeiro, superintendente do Hcor, também fazia parte do time de “wizards” da Whizhealth – como são chamados os mentores do mercado da saúde que ajudam no processo de aceleração.

No Ceará, outra experiência que partiu da percepção de ineficiência dos hospitais gerou negócio, a Mais Leitos. Segundo um dos fundadores, Paulo André, é comum que o controle do tempo de internação seja mal administrado pelos hospitais. O paciente que fica além do necessário acaba gerando custos extras à instituição, além de estar mais suscetível a infecções.

Para contornar isso, a Mais Leitos inspirou-se no método Kanban, da montadora Toyota, já usado em outros hospitais, para aumentar a eficiência. Por meio de três cores – verde, amarelo e vermelho –, o programa indica se o paciente está dentro do período previsto de internação ou se já deveria ter sido liberado. “A vantagem em relação a quem já utiliza o método é gerar, ao fim de cada mês, um vasto relatório que mede a eficiência do hospital e pode indicar onde estão os gargalos”, afirma Paulo André.

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