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Aprenda a escolher e a guardar o cimento

Fabricantes divulgam instruções sobre tipo de material mais indicado para cada serviço e para cada fase da obra

Por Lilian Primi
Atualização:

Apenas 30% de todo o cimento fabricado no Brasil é consumido a granel, pelas grandes construtoras. Os 70% restantes são embalados em sacos de papel e distribuídos no varejo. É para esse consumidor que a Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP) está voltando seu foco, com o intuito de orientar o consumo e garantir a qualidade da construção que ocorre fora das grandes empreiteiras. "Temos um programa de qualidade funcionando no País. O índice de conformidade chega a 99%, mas mesmo assim, há problemas", alerta Arnaldo Battagin, especialista em cimento da ABCP.   Veja também: Especialista dá orientações para compra segura de cimento   Os mais comuns são o armazenamento e acondicionamento inadequados. "O cimento odeia água quando está na forma de pó. A umidade, mesmo que pequena, destrói o produto", explica Battagin. O prazo de validade recomendado pelas normas técnicas é de três meses a partir da data de fabricação. "Mas em casa esse período pode aumentar."   Battagin diz que está fazendo um ensaio nesse sentido nos laboratórios da ABCP: "Fechei um saco com grampo e coloquei-o dentro de um saco plástico. Já tem um ano e a qualidade ainda se mantém". O especialista não terminou o ensaio, mas adianta que, se o produto for muito bem protegido da umidade, pode durar até um ano.   A ABCP lançou uma publicação que traz as orientações para o uso do cimento, o Boletim Técnico 106 - Guia Básico de Utilização do Cimento. Lá estão todas as indicações necessárias e uma tabela com os tipos de produtos.   "Todos os tipos de cimento podem ser empregados em qualquer fase da construção. Só que alguns são mais vantajosos em determinadas situações", explica.   O de uso mais comum é o cimento CPII, que tem três subtipos em função de adições que diferem de uma região para outra do Brasil. "No Sudeste é com escória, no Nordeste com filer calcário. O desempenho é o mesmo nos três", explica Battagin.   Os CP III e PC IV são mais vantajosos para peças de grandes dimensões, como pilares, colunas de edifícios, fundações, base de máquinas, pois fissuram menos. Também resistem melhor a ambientes agressivos, como o litoral. "Esses cimentos são resistentes a um tipo de patologia chamado reação álcali agregado, muito comum nas barragens."   Já o CPV é um cimento especial, que representa apenas 6% da produção brasileira e tem a mais elevada resistência. "Custa um pouco mais caro, mas alcança resistência em três dias, quando o normal levaria 28 dias."   As siglas RS e BC podem estar em qualquer um dos tipos acima. "Se for um cimento BC, não gera muito calor na hora de fazer o concreto. E o RS tem propriedades extras, que dão resistência a ambientes com sulfato, como no litoral", explica.   O cimento branco (CPB), criado inicialmente apenas para fazer rejuntes, hoje tem uma versão estrutural e pode ser utilizado, por exemplo, no cimento queimado. "Só que para um resultado final branco, será necessário usar uma areia também branca. A ideal é a dolomítica." Segundo Battagin, se usar um pigmento mais escuro, pode optar pelo agregado normal.   APLICAÇÃO TIPOS DE CIMENTO PORTLAND Argamassa de revestimento e assentamento de tijolos e blocos Comum (CP I, CP I-S), Composto (CP II-E, CP II-Z,CP II-F), de Alto-Forno (CP III) e Pozolânico (CP IV) Argamassa de assentamento de azulejos e ladrilhos Comum (CP I, CP I-S), Composto (CP II-E, CP II-Z, CP II-F) e Pozolânico (CP IV)  Argamassa de rejuntamento de azulejos e ladrilhos Branco (CPB)  Concreto simples (sem armadura) Comum (CP I, CP I-S), Composto (CP II-E, CP II-Z, CP II-F), de Alto-Forno (CP III) e Pozolânico (CP IV)  Concreto magro (para passeios e enchimentos) Comum (CP I, CP I-S), Composto (CP II-E, CP II-Z, CP II-F), de Alto-Forno (CP III) e Pozolânico (CP IV)  Concreto armado com função estrutural Comum (CP I, CP I-S), Composto (CP II-E, CP II-Z,CP II-F), de Alto-Forno (CP III), Pozolânico (CP IV), de Alta Resistência Inicial (CP V-ARI) e Branco Estrutural (CPB Estrutural)  Concreto protendido com protensão das barras antes do lançamento do concreto Comum (CP I, CP I-S), Composto (CP II-Z, CP II-F), de Alta Resistência Inicial (CP V-ARI) e Branco Estrutural (CPB Estrutural)  Concreto protendido com protensão das barras após o endurecimento do concreto  Comum (CP I, CP I-S), Composto (CP II-E, CP II-Z, CP II-F), de Alto-Forno (CP III), Pozolânico (CP IV), de Alta Resistência Inicial (CP V-ARI) e Branco Estrutural (CPB Estrutural)  Concreto armado para desforma rápida, curado por aspersão de água ou produto químico  de Alta Resistência Inicial (CP V-ARI), Comum (CP I, CP I-S), Composto (CP II-E, CP II-Z, CP II-F), de Alto-Forno (CP III), Pozolânico (CP IV) e Branco Estrutural (CPB Estrutural)  Concreto armado para desforma rápida, curado a vapor ou com outro tipo de cura térmica  Comum (CP I, CP I-S), Composto (CP II-E, CP II-Z, CP II-F), de Alto-Forno (CP III), Pozolânico (CP IV), de Alta Resistência Inicial (CP V-ARI) e Branco Estrutural (CPB Estrutural)  Elementos pré-moldados de concreto e artefatos de cimento curados por aspersão de água  Comum (CP I, CP I-S), Composto (CP II-E, CP II-Z, CP II-F), de Alto-Forno (CP III), Pozolânico (CP IV), de Alta Resistência Inicial (CP V-ARI) e Branco Estrutural (CPB Estrutural) *  Elementos pré-moldados de concreto e artefatos de cimento para desforma rápida, curados por aspersão de água de Alta Resistência Inicial (CP V-ARI), Comum (CP I, CP I-S), Composto (CP II-E, CP II-Z, CP II-F) e Branco Estrutural (CPB Estrutural)  Elementos pré-moldados de concreto e artefatos de cimento para desforma rápida, curados a vapor ou com outro tipo de cura térmica  Comum (CP I, CP I-S), Composto (CP II-E, CP II-Z, CP II-F), de Alto-Forno (CP III), Pozolânico (CP IV) e Branco Estrutural (CPB Estrutural)  Pavimento de concreto simples ou armado  Comum (CP I, CP I-S), Composto (CP II-E, CP II-Z, CP II-F), de Alto-Forno (CP III) e Pozolânico (CP IV)  Pisos industriais de concreto Comum (CP I, CP I-S), Composto (CP II-E, CP II-Z, CP II-F), de Alto-Forno (CP III), Pozolânico (CP IV) e de Alta Resistência Inicial (CP V-ARI)  Concreto arquitetônico Branco Estrutural (CPB Estrutural)  Argamassa armada Comum (CP I, CP I-S), Composto (CP II-E, CP II-Z, CP II-F), de Alta Resistência Inicial (CP V-ARI) e Branco Estrutural (CPB Estrutural)  Solo-Cimento  Comum (CP I, CP I-S), Composto (CP II-E, CP II-Z, CP II-F), de Alto-Forno (CP III) e Pozolânico (CP IV)  Argamassas e concretos para meios agressivos (água do mar e de esgotos)  de Alto-Forno (CP III), Pozolânico (CP IV) e Resistente a Sulfatos,Concreto-massa de Alto-Forno (CP III), Pozolânico (CP IV) e de Baixo Calor de Hidratação  Concreto-massa de Alto-Forno (CP III), Pozolânico (CP IV) e de Baixo Calor de Hidratação  Concreto com agregados reativos Comum (CP I, CP I-S), Composto (CP II-E, CP II-Z, CP II-F), de Alto-Forno (CP III) e Pozolânico (CP IV)  FONTE: BT 106 - GUIA BÁSICO DE UTILIZAÇÃO DO CIMENTO - ABCP  

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