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Área móvel da Oi pode ficar nas mãos de rivais

Claro, Telefônica Vivo e TIM avaliam comprar divisão de telefonia celular da antiga ‘supertele’ nacional; conversas são preliminares

Por Monica Scaramuzzo
Atualização:

As três maiores operadoras de celular do Brasil, Telefônica Vivo, Claro e TIM, estão em conversas ainda preliminares para comprar a divisão de telefonia móvel da Oi, que está em recuperação judicial. As teles avaliam fazer a aquisição por meio de um leilão e depois fatiar a companhia, apurou o Estado com fontes a par do assunto. O jornal espanhol Expansión informou ontem que essas conversas estariam em andamento.

Não é a primeira vez que as operadoras tentar comprar a antiga “supertele brasileira”. Em 2014, quando a Portugal Telecom ainda era acionista relevante da operadora, as principais concorrentes foram procuradas para adquirir fatias da companhia, que tem a maior rede de telefonia fixa do País.

Em recuperação judicial, Oi quer vender ativos, como a operadora Unitel, em Angola. Foto: Nacho Doce/Reuters - 14/11/2014

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O Estado apurou que as operadoras estão conversando com bancos para avaliar propostas. A Telecom Itália, dona da TIM Brasil, seria a mais pressionada a fazer o negócio sair do papel. Endividada, a controladora da TIM Brasil não teria recursos para bancar a operação sozinha, segundo fontes familiarizadas com o tema. A compra da Nextel pela América Móvil, dona da Claro, reforçou a necessidade de a companhia italiana buscar uma forma de crescer no País. 

O Bank of America Merrill Lynch é o assessor financeiro da tele brasileira. A Telefônica Vivo contratou o JP Morgan para tratar do assunto. 

Fontes próximas ao tema afirmaram que há conversas diretas entre as rivais e o executivo Rodrigo Abreu, conselheiro e diretor de operações da tele brasileira. Com 16,4% do mercado de telefonia móvel no País, a divisão de telefonia móvel da Oi é avaliada em R$ 12 bilhões. 

Parte dos recursos arrecadados com a venda, caso ela se concretize, seria utilizada pela Oi na expansão da rede de fibra óptica, visando a oferta do serviço de banda larga. A empresa ficou de fora dos leilões de 700 Mhz e poderá não participar do leilão de 5G, programado para o ano que vem – o que a deixaria ainda menos competitiva.

O grupo entrou em recuperação judicial em junho de 2016, com dívidas declaradas à época de R$ 65 bilhões.

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Aval do governo. As negociações, no entanto, ainda não são consideradas firmes. Qualquer acordo envolvendo a Oi depende de um aval da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) e tem de passar pelo crivo do juiz da administração da recuperação judicial.  Especialista em telecomunicações, Eduardo Tude, da consultoria Teleco, vê as negociações com ceticismo. Segundo ele, um acordo do gênero pode demorar até um ano para passar pelo crivo da Anatel e do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).

Em entrevista ao Estadão/Broadcast na semana passada, Abreu afirmou que a empresa está em processo de venda de ativos, como parte de uma estratégia para levantar recursos para abater suas dívidas e fazer investimentos para expansão de seus negócios. Um deles é a Unitel, operadora angolana da qual a Oi tem 25% das ações, avaliadas em US$ 1 bilhão. Há ainda torres, data centers, empresas de fibra, ativos imobiliários. Abreu é apontado no mercado como o futuro presidente da operadora, substituindo Eurico Teles.

Procuradas, Oi, Claro e Telefônica Vivo não comentam o assunto. A TIM não retornou os pedidos de entrevista até o fechamento desta edição. /COLABOROU ISAAC DE OLIVEIRA

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