
12 de março de 2014 | 12h25
O secretário de Comércio da Argentina, Augusto Costa, e o ministro de Economia, Axel Kicilloff, segundo as fontes, vão manter as DJAI para controlar a entrada somente de produtos que prejudiquem o processo de substituições, iniciado em 2008. O próprio secretário disse, em entrevista ao jornal local Bae, que "não haverá maiores restrições para os importadores".
Costa explicou que o governo convocou os 50 maiores importadores, entre eles o setor automotivo, em fevereiro, para obter cooperação e "estender o prazo de crédito comercial na medida em que seja possível ou esticar os prazos de pagamento para que a saída efetiva de divisas seja em um prazo que permita que o ordenamento das variáveis em curso seja o melhor possível". Ou seja, até que o mercado comece a receber os dólares provenientes das exportações de soja e alivie a pressão sobre as reservas e a moeda nacional.
Moedas locais
A proposta de realizar os pagamentos das operações de comércio exterior com moedas locais interessa aos argentinos porque evita a saída de dólares do país pelo canal comercial. O assunto que será discutido pela missão brasileira, na sexta, em Buenos Aires, é um dos principais da agenda das conversas que visam melhorar o desempenho do comércio bilateral. O sistema foi criado em 2008, em plena crise das hipotecas norte-americanas e a queda do Lehman Brothers.
Em 2013, houve um aumento de 20% das operações feitas pelo chamado Sistema de Pagamentos em Moedas Locais (SML), que passaram de 7.519 para 9.068 operações, na comparação com o ano prévio. Em valores, o aumento foi de 3% com operações de US$ 1,196 bilhão, conforme dados do Banco Central. Desde sua criação, em 3 de outubro de 2010, o SML realizou 26.186 operações. "Tem tido aumento crescente, e funciona", afirmou uma fonte graduada do BC.
"Em 2013 predominou a cobrança de importações argentinas do Brasil sobre o pagamento de importações brasileiras da Argentina", disse o BC. Na Argentina, os bancos privados foram responsáveis por 56% das operações, entre eles, o Citibank, Santander Rio, BBVA Francês e Galícia. O Patagônia (controlado pelo Banco do Brasil) foi um dos que mais realizou este tipo de operação.
"O sistema funciona e só precisa ser melhor divulgado e explicado para que se expanda", comentou a fonte do BC. Ele argumentou que "os empresários argentinos pagam e recebem em pesos, enquanto os brasileiros pagam e recebem em reais, sem utilizar dólares, o que permite aos empresários gerar uma forte redução de custos financeiros e administrativos nas transações, melhorando a competitividade".
O intercâmbio comercial entre Argentina e Brasil via SML, como ressaltou o BC, superou 2,9 vezes em valor e 3,7 vezes em quantidade as operações realizadas pelo Convênio de Pagamentos e Créditos Recíprocos da Associação Latino-americana de Integração (CCR-ALADI). O CCR é um mecanismo de compensação de pagamentos entre os Bancos Centrais da Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Colômbia, Equador, México, Paraguai, Peru, Uruguai, Venezuela e República Dominicana, que inclui um sistema de garantias para assegurar ao exportador o pagamento da operação comercial.
A reunião de sexta-feira será realizada entre o Ministro de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Mauro Borges, e o assessor especial do Palácio do Planalto, Marco Aurélio Garcia, pelo lado brasileiro, e os ministros argentinos Axel Kicillof (Economia), Jorge Capitanich (Chefe de Gabinete de Ministros) e Débora Giorgi (Indústria), além do secretário de Comércio, Augusto Costa.
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