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Argentina ameaça apelar em Haia contra o Uruguai

O objetivo é reverter a decisão sobre a construção de duas fábricas de celulose na fronteira com o país

Por Agencia Estado
Atualização:

O governo argentino admitiu que pode apelar novamente à Corte Internacional de Haia, na Holanda, para reverter uma decisão sobre a construção de duas fábricas de celulose na fronteira com o Uruguai. Num comunicado oficial divulgado pelo Ministério das Relações Exteriores nesta quinta-feira, o governo argentino destaca que a Corte Internacional de Haia garante que as fábricas poderão ser "desmontadas" se for comprovado que elas causam "dano ambiental irreparável". Para o Tribunal, ainda segundo o comunicado oficial, as obras não geram poluição. Apesar disso, o Uruguai assumirá "o conjunto dos riscos", ao permitir que as construções sejam concluídas e, mais tarde, se for o caso, "desmontadas". Ameaça de poluição No texto, a Argentina admite que poderá "aceitar o convite" do Tribunal Internacional de Haia, com novo pedido judicial pela suspensão das obras, se tiver como comprovar a ameaça de poluição do rio Uruguai. Nesta quinta-feira, por 14 votos a um, os magistrados consideraram que é "prematuro" determinar que as fábricas (espanhola) Ence e (finlandesa) Botnia vão poluir o meio ambiente. Elas estão sendo erguidas na localidade uruguaia de Fray Bentos, em frente à cidade argentina de Gualeguaychú. Os moradores fizeram vigília na madrugada, esperando o resultado dos juízes da Corte Internacional. Antes da decisão do presidente Nestor Kirchner de apelar ao Tribunal, eles interromperam o trânsito, durante cerca de dois meses, em duas das três principais estradas de acesso ao Uruguai. Diálogo entre vizinhos Segundo o Ministério das Relações Exteriores, a fábrica Ence "estaria" cumprindo com a exigência (dos manifestantes argentinos) de suspender as obras até o fim do ano. Juntas, a Ence e a Botnia representam o maior investimento da história do Uruguai (cerca de 11% do Produto Interno Bruto do país de três milhões de habitantes). O vice-presidente do Uruguai, Rodolfo Nin Novoa, disse às emissoras de rádio argentinas que não há motivos para comemorar. "O importante é que dois vizinhos, como Argentina e Uruguai, mantenham o diálogo", disse. "Mas é obvio, como registrou a Corte Internacional de Haia, que a decisão e responsabilidade destas construções é nossa, do Uruguai", afirmou. Nas mesmas emissoras de rádio e de televisão do país, analistas afirmaram que a Argentina sofreu uma "derrota diplomática". Pouco depois, o embaixador argentino Raúl Estrada Oyúela, responsável pela área de meio ambiente do Ministério das Relações Exteriores da Argentina, disse à emissora de televisão TN (Todo Noticias) que a diplomacia é "como sempre otimista". Ele acredita que os dois países acabarão encontrando uma alternativa através do dialogo, já que o Uruguai poderia chegar a pagar um alto custo, caso as obras tenham que ser suspensas mais adiante. Preocupação com a economia Por sua vez, o ministro uruguaio do Meio Ambiente, Mariano Arana, disse à imprensa uruguaia que a maior preocupação do governo do presidente Tabaré Vasquez é que os bloqueios do transito voltem a prejudicar a economia do país. "Se os bloqueios voltarem, nós esperamos que o governo argentino atue (para suspendê-los)", disse Arana ao jornal Clarín. O assunto promete ser um dos temas da reunião do Mercosul, na semana que vem, na cidade argentina de Córdoba, onde estarão os presidentes Kirchner e Tabaré, entre outros. Numa assembléia na noite de quinta-feira, os moradores de Gualeguaychú, na província argentina de Entre Ríos, decidiram realizar nesta sexta-feira uma caravana contra a decisão do tribunal internacional. include $_SERVER["DOCUMENT_ROOT"]."/ext/selos/bbc.inc"; ?>

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