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Argentina aumenta pesificação e limite de saques

Por Agencia Estado
Atualização:

A equipe econômica argentina arrematou depois de quatro dias de discussões, o conjunto de medidas para flexibilizar a liberação dos depósitos bancários presos desde o início de dezembro, o chamado "corralito". Com a iniciativa, o governo pretende evitar que o país chegue a um estado de convulsão social. Em outro campo, a equipe econômica se concentrou no acordo de ajuda financeira com o Fundo Monetário Internacional (FMI) e para preparar a flutuação completa do peso para março, com a eliminação do câmbio duplo. O anúncio do ministro da Economia, Jorge Remes Lenicov, estava previsto para a noite de hoje. Mas, confirmadas pelo vice-ministro da Economia, Jorge Todesca, as medidas apontavam para uma maior pesificação. A principal medida daria opção aos titulares de cadernetas de poupança em dólares de converter a pesos até US$ 5 mil, conforme a cotação oficial (1,40 peso por dólar). No caso de poupanças maiores, o valor restante iria para operações de prazo fixo. Com essa nova alternativa, os poupadores poderiam fazer saques graduais, dentro dos limites de 1.500 ou de 1.200 pesos mensais. Se o titular não concordar, passa a valer o cronograma de liberação definido na semana passada, que vai até 2005. Em princípio, o Ministério da Economia estima que essa iniciativa favoreceria 75% dos poupadores, que acumulavam menos de US$ 5.000 nas cadernetas. Outra medida-chave seria a permissão para que 10% dos depósitos em pesos possam ser transferidos para contas-correntes ou cadernetas de poupança, o que também dará chance de serem sacados. Também está prevista a transferência de recursos, dentro do sistema bancário, para permitir às empresas o pagamento de salários e de impostos. Segundo Todesca, as novas regras estão orientadas para os pequenos poupadores do sistema, os que tinham menos informações sobre o sistema financeiro e menos possibilidade de se proteger. Riscos - A equipe econômica levou em conta dois fatores básicos. De um lado, a escassez de dólares nos bancos. De outro, o risco de o aumento dos pesos em circulação levar a uma maior procura por dólares, o que faria disparar a cotação da moeda americana no câmbio flutuante e à inflação. Hoje, a cotação do dólar fechou em 2,15 pesos, variação de 7,69% em relação ao fechamento de ontem. Em outro campo de atuação, o Ministério da Economia deverá encaminhar na próxima semana ao Congresso o projeto de Orçamento de 2002, que prevê déficit fiscal de US$ 2,7 bilhões e queda de 2,6% da atividade econômica neste ano. Segundo Todesca, a aprovação será abreviada pelo aval prévio dos governadores das Províncias - que vão arcar com cortes nos repasses de recursos do governo nacional - e do FMI.

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