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Argentina aumenta preço do gás para o Chile

Oposição chilena acusa governo chinelo de ´fraco´ em negociações com Kirchner

Por Agencia Estado
Atualização:

O governo do presidente Néstor Kirchner causou fúria do outro lado da Cordilheira dos Andes, ao anunciar que aumentará o preço do gás que a Argentina exporta para o mercado chileno em uma proporção maior do que era esperado no Chile. O governo argentino determinou que as retenções aplicadas às exportações de gás subirão dos atuais 20% para 45%. Desta forma, as empresas chilenas - que atualmente pagam ao redor de US$ 2,50 o milhão de BTU, passariam a desembolsar entre US$ 4,50 e US$ 4,80 o milhão de BTU, segundo cálculos realizados em Santiago do Chile. O aumento do preço ameaça causar solavancos no andamento da economia do Chile, pois a maior parte da geração da energia elétrica desse país é produzida em usinas termoelétricas que funcionam com o gás argentino. Além disso, o affaire do gás promete causar problemas políticos, já que a oposição está usando a elevação dos preços para acusar a presidente Michelle Bachelet de "falta de firmeza" na hora de negociar com Kirchner. O governo argentino já avisou que em outubro pretende revisar novas altas das retenções. O porta-voz da presidente, Ricardo Lagos Weber, declarou nesta terça-feira que o governo está analisando "profundamente" a decisão argentina, já que "à primeira vista" diverge do que havia sido conversado entre Santiago e Buenos Aires dias atrás. Na semana passada, o braço direito de Kirchner, o poderoso Ministro do Planejamento Federal, Julio De Vido, durante uma entrevista ao canal TVN, disse que o preço que o Chile teria que pagar seria de US$ 3,70 a US$ 3,80 o milhão de BTU. Motivo O motivo da alta é o aumento do preço do gás que a Bolívia exporta para a Argentina. Há poucos dias, Kirchner assinou um acordo com o presidente boliviano, Evo Morales, que elevou o preço em 56%, ficando em US$ 5,00 o milhão de BTU. Este valor é temporário. Os governos da Argentina e Bolívia, definiriam em setembro um novo preço a ser aplicado em 2007. O governo Kirchner, na ocasião da assinatura do acordo, havia deixado claro que o consumidor local não arcaria com esses custos extras, já que isso seria redirecionado para os chilenos, que se abastecem com o gás argentino. Em Santiago, a notícia causou ampla polêmica. O senador Sergio Romero, do oposicionista Renovação Nacional, indicou que a "independência energética é a única alternativa para não continuar dependendo da vontade de governos que não cumprem seus compromisso". Auto-suficiente Nos anos 90, a Argentina era um país auto-suficiente em gás e até exportava para os países vizinhos, especialmente o Chile. Mas, a crise financeira e econômica de 2001-2002 causou uma drástica redução do consumo e a simultânea paralisação da exploração de novas reservas. Além disso, a decisão do governo argentino de congelar as tarifas dos serviços públicos privatizados, entre eles, o do gás, desestimulou as empresas a realizar novos investimentos e as reservas começaram a esgotar-se. A recuperação econômica a partir de 2003 aumentou a demanda dentro da Argentina, causando um colapso entre as necessidades de atender o consumo interno e os contratos assinados para fornecer gás para o exterior. A saída da Argentina para continuar exportando para o Chile sem deixar o consumidor argentino a ver navios, foi a de começar a importar gás da Bolívia.

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