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Argentina cai para 9º lugar em renda per capita na AL

Por Agencia Estado
Atualização:

Com a desvalorização do peso e sua cotação a cerca de três pesos por dólar, os argentinos viram seus salários reduzidos a um terço, desde janeiro, quando o governo Eduardo Duhalde abandonou a conversibilidade que, durante dez anos, manteve a cotação de um peso por um dólar. Essa mudança de condições levou a Argentina a baixar do primeiro lugar para o nono, na classificação dos países latino-americanos por renda per capita, situando-se abaixo de países cujas condições sociais eram consideradas inferiores, até o ano passado, como Peru e Panamá. Segundo estudo feito pela firma de consultoria Equis, publicado nesta segunda-feira pelo jornal La Nación, a Argentina agora classifica-se abaixo de Uruguai, Chile, Brasil, México, Venezuela, Panamá, Costa Rica e Peru. O diretor da Equis, Artemio Lopez, declarou que "há outros agravantes da condição social, além da desvalorização do peso, como, por exemplo, a má distribuição da riqueza: 53% da renda vão para 23% da população." Ademais, acrescentou, "houve um aumento de preços determinado pela grande incidência de insumos importados", enquanto os salários permaneceram iguais. Acrescenta-se a isso o fato de que 25% da população não tem emprego." A Esquis destaca, no seu relatório, que, atualmente a cesta básica mensal, para uma família de quatro pessoas, custa cerca de 400 dólares - valor que aumentou 25% desde que o governo abandonou a conversibilidade. Atualmente, a renda per capita mensal na Argentina é de 266 dólares, ao passo que, em 1997, antes do início da recessão que vigora até hoje, a renda média era de US$ 688, o que representa uma queda de 72% nesse período. O país está cada vez mais distante do Uruguai, que é o primeiro da lista, com US$ 510 por pessoa. Em seguida vêm o Chile, com US$ 401, e o Brasil, com US$ 399. Só seis países têm renda per capita inferior à da Argentina: Colômbia (US$ 181), Paraguai (US$ 166), El Salvador (US$ 150), Equador (US$ 130), Bolívia (US$ 80) e Nicarágua (US$ 34). Membros de um grupo de legisladores que estão em Washington, fazendo lobby pela melhora das relações econômicas com a Argentina, destacaram, nesta segunda, que o país correrá risco institucional e de explosão social, se o Fundo Monetário Internacional (FMI) não enviar fundos como parte de um novo acordo. Entretanto, Lopez estima que, com mais ou menos ajuda, a situação continuará difícil: "Se a ajuda do FMI vier, mas não for orientada para as perspectivas de crescimento, também poderão ocorrer insurreições por motivos sociais. Embora com certeza fosse ruim que os recursos não chegassem, também é certo que sua chegada, por si só, não asseguraria a solução dos problemas argentinos".

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