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Argentina comanda mercados

Mercados brasileiros continuam reagindo com pessimismo às dificuldades econômicas na Argentina. Relatório do FMI alerta para a dificuldade de financiamento para países emergentes e até o governo argentino já admite necessitar de pacote multilateral de ajuda financeira.

Por Agencia Estado
Atualização:

Mais uma vez, a tensão em relação à difícil situação econômica da Argentina continuou a determinar as variações nos mercados brasileiros. A preocupação dos mercados é de que a crise argentina agrave-se ainda mais. Hoje foram divulgados os dados referentes ao déficit nas contas do governo de outubro, que comprometem a meta fiscal com o Fundo Monetário Internacional (FMI) para o ano. O FMI, inclusive, divulgou relatório sobre as condições dos mercados emergentes no terceiro trimestre, em que alerta para o fato de que os fluxos de financiamento para os mercados emergentes deverão "moderar-se ainda mais no último trimestre". Assim, crescem a tensão sobre os títulos argentinos, negociados com juros mais elevados hoje. O governo argentino estuda a possibilidade de emitir US$ 500 milhões em títulos globais, mas já admite a necessidade de um pacote multilateral de ajuda financeira, comandado talvez pelo FMI e Tesouro norte-americano. A expectativa dos mercados internacionais é que esse pacote venha para acalmar as tensões. Para tentar equilibrar a situação, o governo anunciou, em Buenos Aires, medidas bancárias para tentar conter as altas dos juros, liberando mais dinheiro no mercado. Mas analistas já declaram-se bastante pessimistas em relação ao crescimento econômico, que deve ser prejudicado pela forte elevação dos juros. Os títulos leiloados ontem pagavam juros de 16% ao ano, frente a 10% ao ano no leilão anterior, há duas semanas. A elevação dos juros também preocupa em relação aos cortes que serão necessários para manter o equilíbrio das contas públicas. Para tanto, está sendo discutido no Congresso o Orçamento para 2001, propondo cortes de US$ 700 milhões. Mercados brasileiros fecham pessimistas Frente à tensão e incertezas na Argentina, os mercados brasileiros fecharam agravando o pessimismo que vem marcando as últimas semanas. O dólar fechou novamente em alta, de 0,66%, a R$ 1,9680. Esta é a cotação mais elevada desde 28 de outubro de 1999. Os contratos de juros de DI a termo - que indicam a taxa prefixada para títulos com período de um ano - fecharam o dia pagando juros de 18,850% ao ano, frente a 18,500% ao ano ontem. Considerando-se que a Selic - taxa básica referencial da economia -, que regula contratos diários, está em 16,5% ao ano, os juros estão muito elevados. É normal que haja uma diferença por causa dos prazos dos contratos, mas ela raramente chega a dois pontos porcentuais. A Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) fechou em queda de 2,08%, agravada pela queda na Nasdaq - bolsa que negocia ações de empresas de alta tecnologia e informática em Nova York. Os mercados nos EUA ainda não fecharam.

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