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Argentina consegue seis meses para tentar negociar dívida

Por Agencia Estado
Atualização:

A Argentina já está em moratória com o Banco Mundial e se não pagar o que deve, dentro de seis meses entrará em calote, ou default, como o mercado chama a situação de inadimplência. Após a decisão de não pagar o BIRD, o ministro de Economia, Roberto Lavagna, conseguiu um pequeno apoio da duríssima Anne Kruger, que postergou um pagamento que vencia no próximo dia 22 no valor de US$ 141 milhões. Desta forma, o governo ganha um pouco mais de oxigêneo e evitar emitir aos mercados qualquer sinal de ruptura com o FMI. Porém, será vital que o presidente Eduardo Duhalde consiga o apoio político dos governadores com quem se reunirá na segunda-feira que vem. O dia "D" para Argentina será 14 de abril de 2003, data em que seria declarado o calote com todas as letras que a palavra implica e pode até perder o título de membro do Banco Mundial. Trata-se do pior cenário para a Argentina porque serão estabelecidas penas por atrasos, que vão desde a não aprovação de novos empréstimos ao país, até o status de "non accrual" aos 180 dias de mora, momento a partir do qual um país é declarado em default. Esta é a situação pela qual estão passando Bangladesh, Bosnia-Herzegovina e Congo. O país representa para o Banco Munidal 7,3% do total de créditos outorgados: US$ 8,7 bilhões. Somente superados pela Indonésia com US$ 11,6 bilhões, China e México, com 11,2 bilhões, cada um. A primeira consequência da decisão argentina já apareceu com a suspensão de um crédito de US$ 600 milhões de dólares que seriam repassados na próxima semana para a área social do governo. Análises No mercado argentino já há duas visões sobre o ministro Roberto Lavagna: de um ministro realista, gênio cheio de coragem que tensiona a corda para por a negociação dentro dos limites da Argentina; ou de um ministro louco de pedra , kamikase que arrastará a Argentina para um buraco abaixo do piso. Pelo menos, por parte dos empresários, Lavagna tem total apoio através de um comunicado da poderosa UIA- União Industrial Argentina que "compartilha da posição assumida pelo governo argentino". As opiniões se dividem entre os que consideram que o governo deveria ter usado as reservas para pagar os US$ 805 milhões de dólares e continuar negociando sem o risco de calote com os organismos internacionais , o qual terminaria isolando a Argentina completam ente da comunidade internacional, sem nenhum crédito vigente. E há aqueles que estão de acordo com a decisão do governo, como o economista Ricardo Fuente, da consultoria Ecolatina, quem diz que "Argentina não pode pagar indefinitamente com reservas porque em algum momento as reservas se terminarão. No entanto, isto não exclui que a médio e longo prazo se tenham implicâncias negativas". O economista José Luis Espert, da Espert & Associados também avalia que "se olhar estritamente do ponto de vista técnico , o governo está correto porque deve mostrar um postura muito dura diante de seus credores por vários motivos. Primeiro porque não se pode pagar indefinitamente com reservas, segundo, porque na renegociação da dívida, os credores devem aceitar uma perda muito importante porque a dívida que a Argentina tem é impagável. No curto prazo não há problemas mas o grave é que não pagar significa colocar outro pau na roda na hora de reingressar ao mercado".

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