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Argentina deve crescer 3% em 2003, prevê governo

Por Agencia Estado
Atualização:

Ainda sem o acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI), que garantirá um socorro financeiro de pelo menos US$ 9 bilhões, o governo argentino estima que a economia do país crescerá 3% em 2003, a primeira expansão em quase cinco anos de recessão consecutiva. A estimativa otimista se encontra no orçamento do próximo ano que o presidente Eduardo Duhalde enviará hoje ao Congresso. O governo prevê ainda que a inflação em 2003 não deverá superar os 22% e que taxa de câmbio ficará no patamar de 3,70 peso por dólar, pouco acima dos 3,60 de hoje. O projeto de lei, que inclui a reposição salarial retroativa de 13% a todo o funcionalismo público e aposentados por ordem da Corte Suprema de Justiça, estima também um superávit primário de 1,6% do Produto interno Bruto (PIB). O governo vai destinar também 3,5 bilhões de pesos (cerca de US$ 1 bilhão) para chefes de família que se encontram desempregados. O governo do presidente Duhalde acredita ainda que as exportações crescerão 5% em 2003 e que a arrecadação tributária deverá aumentar pelo menos 40%. O projeto de lei do orçamento foi definido mesmo sem o governo ter resolvido uma série de problemas, como o "corralito financeiro", a renegociação com os credores da dívida externa e os futuros desembolsos ao Banco Mundial, Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e ao FMI, que em 2003 deverão passar de US$ 15 bilhões. O governo também não resolveu o espinhoso problema do sistema financeiro, que exige uma drástica reestruturação, principalmente dos bancos públicos. Outro problema que parece estar ficando para trás e que não consta no orçamento 2003 é o reajuste das tarifas dos serviços públicos, que vem sendo pressionado pelas multinacionais, principalmente as espanholas. Se o reajuste exigido for mesmo determinado, haverá certamente pressão nos índices de inflação, que o governo também parece estar ignorando. No decorre deste ano, sem o reajuste de tarifas, a inflação já está em 34% e poderá chegar a 80%, segundo estimativas de institutos econômicos independentes. O governo não está considerando também a aprovação de uma lei por parte do Senado que obriga o Estado a indenizar mais de 20 mil empregados da YPF que haviam sido demitidos antes de ser privatizada e adquirida pela espanhola Repsol. De acordo com cálculos preliminares, cerca de 22 mil trabalhadores têm direito a receber 40 mil pesos, ou pouco mais de US$ 11 mil. Isso significa que o governo terá de reservar pelo menos US$ 450 milhões para honrar essas indenizações.

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