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Argentina e Brasil vão buscar acordos setoriais

Países garantem que desavenças comerciais serão resolvidas agora diretamente pelo setor privado

Por Marina Guimarães e BUENOS AIRES
Atualização:

A Argentina apresentou ontem uma lista de cerca de 15 setores industriais que demandam proteção contra as exportações brasileiras. Em reunião realizada em Buenos Aires, os dois países decidiram que as desavenças comerciais serão solucionadas pelo setor privado, mediante acordos sobre volumes e preços dos produtos a serem exportados para ambos os mercados. "Cada setor terá um tipo de negociação porque os setores são diferentes e os produtos também. Alguns poderão ter cotas e outros, preços mínimos", explicou o secretário executivo do Ministério do Desenvolvimento, Ivan Ramalho, após a reunião para discutir os atritos no comércio bilateral. O clima da reunião entre os representantes dos dois países foi bem mais ameno do que o da reunião anterior, realizada no mês passado em Brasília. O secretário-geral do Itamaraty, Samuel Pinheiro Guimarães, e o de Relações Econômicas Internacionais da chancelaria argentina, Alfredo Chiaradía, classificaram a reunião de "frutífera e muito harmônica". "A Argentina é a nossa principal aliança estratégica e temos interesse essencial na prosperidade dos dois países", disse Pinheiro Guimarães. "A crise econômica mundial tem uma dimensão enorme, talvez a maior da história, e o desafio do Brasil e da Argentina é o de tomar a crise como oportunidade para aprofundar a integração." Para Chiaradía, as posições mais radicais expostas anteriormente fazem parte da negociação. "Não existem posições irreconciliáveis. Sempre que existe a intenção de encontrar soluções para os problemas, há margem de retrocesso para se chegar a um ponto de convergência." Segundo Ivan Ramalho, os problemas que surgirem nas negociações setoriais serão levados para uma comissão bilateral de monitoramento, que deve começar a se reunir na próxima semana em São Paulo, com a visita que a presidente argentina Cristina Kirchner fará à Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) nos próximos dias 19 e 20. Ramalho disse ter conversado com representantes de pelo menos nove dos setores que serão afetados e que "todos estão dispostos a negociar". Entre as entidades dispostas a negociar uma "autolimitação" de exportações estão a Anfavea (automotivo), Abit (têxteis), Abimaq (máquinas e equipamentos), Abicalçados, Abrinq (brinquedos), Anip (pneus), Bracelpa (papel e celulose), Abimóveis e o setor de malas e artefatos de couros. Na lista argentina constam ainda eletrodomésticos, motocicletas, implementos agrícolas e ferramentas manuais. Ramalho informou ainda que os empresários brasileiros dos setores de farinha de trigo, leite, vinho e aerossol querem fazer um acordo para que os argentinos também coloquem limite em suas vendas para o Brasil. FRASE Samuel P. Guimarães Secretário-geral do Itamaraty "A crise econômica mundial tem uma dimensão enorme, talvez a maior da história, e o desafio do Brasil e da Argentina é o de tomar a crise como oportunidade para aprofundar a integração"

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