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Argentina e Copom definem novo humor do mercado

Ontem o pânico voltou a Buenos Aires, com rumores de que o FMI pressiona o governo a desvalorizar o peso, ameaçando não liberar novos recursos. Como a equipe econômica brasileira já indicava que o otimismo dos mercados andava excessivo, a euforia foi enterrada.

Por Agencia Estado
Atualização:

Ontem a euforia das últimas semanas nos mercados brasileiros sofreu um golpe duro. O governo já havia indicado que o otimismo estava exagerado, o que a ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) confirmou. E o agravamento da crise argentina, que passa por mais um repique, inverteu o humor dos investidores. O dólar disparou para R$ 2,54 e a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) voltou a cair. A crise argentina voltou a contaminar os negócios no Brasil. Surgiram vários rumores catastrofistas ontem, mas o mais grave era que o Fundo Monetário Internacional (FMI) estaria pressionando o governo argentino a desvalorizar o peso antes de liberar novos recursos para o país. O problema é que a situação financeira é tão dramática que a União está sacando dinheiro das reservas internacionais para honrar pagamentos externos, reduzindo-as a níveis perigosos. Sem os US$ 1,26 bilhões que o FMI estuda conceder, o colapso financeiro é certo e não demora. Dada a fragilidade da situação, o risco país voltou a bater recordes, atingindo 3.242 pontos, e o mercado entrou em pânico. Os demais dados da economia refletem a gravidade da crise, especialmente depósitos bancários e reservas internacionais, há meses em queda. No Brasil, os reflexos foram imediatos, e o dólar disparou. Ainda está bem mais baixo do que em setembro, mas, se o desfecho da crise argentina for muito desorganizado, pode haver mais espaço para alta. O governo brasileiro já vinha alertando os investidores de que o otimismo estava muito exagerado. A ata do da reunião do dia 21 de novembro do Comitê de Política Monetária (Copom) reforçou essa percepção. Segundo o documento, os preços controlados, especialmente as tarifas de energia, sofrerão forte aumento em 2002, pressionando a inflação. Com isso, a queda dos juros, esperada pelo mercado para os próximos meses, certamente demorará muito mais e o crescimento econômico terá de ser contido. Bolsa e dólar devem apresentar uma evolução menos otimista do que se imaginava nos cenários otimistas das últimas semanas. Ainda assim, os bons resultados que reverteram o humor dos mercados há algumas semanas são definitivos. As contas públicas e as contas externas apresentaram melhora substancial, o recado do governo é que essa melhora não justifica nenhum tipo de euforia, mas apenas um otimismo muito cauteloso. Não deixe de ver no link abaixo as dicas de investimento, com as recomendações das principais instituições financeiras, incluindo indicações de carteira para as suas aplicações, de acordo com o perfil do investidor e prazo da aplicação. Confira ainda a tabela resumo financeiro com os principais dados do mercado.

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