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Argentina e Paraguai ganham cota extra de carne da UE

Por Agencia Estado
Atualização:

O Conselho de Ministros de Agricultura da União Européia (UE) aprovou hoje, em Luxemburgo, a ampliação em 10 mil toneladas da cota Hilton, carne de alta qualidade, para a Argentina e a cota de mil toneladas anuais da mesma carne para o Paraguai. A medida, no que diz respeito à Argentina, entra em vigor a partir de 1º de julho e tem duração de um ano. Assim, os argentinos poderão exportar para a UE 38 mil toneladas de carne nos próximos 12 meses, podendo recuperar os cerca dos US$ 200 milhões perdidos em quase um ano pelo embargo europeu da carne bovina argentina. Para o Paraguai, a situação é diferente. A concessão é de mil toneladas, podendo ser renovada anualmente até 2007. O Conselho afirmou que a concessão feita ao Paraguai reforça a relação comercial entre o país latino e o bloco europeu. A medida adotada hoje pelos europeus atende uma reivindicação paraguaia antiga, desde o ingresso do país no GAT, em 1995. Quanto a Argentina, a UE declarou que a medida "demonstra o seu apoio comercial para melhorar a recuperação econômica daquele país". A decisão européia foi adiada várias vezes por entraves nas reuniões precedentes do Comitê Agrícola da Comissão. Áustria e Bélgica lembraram, durante estas preliminares, que a medida poderia desequilibrar o mercado europeu de carnes, ainda em fase de recuperação, segundo estes países, das conseqüências da "vaca louca". Houve reticências também por parte da França e Dinamarca. O lado argentino tomou a inciativa do pedido da cota extra para Hilton beef, quando em fevereiro o atual ministro da economia da Argentina, Roberto Lavagna, ex-embaixador da Missão junto às comunidades européias, solicitou à UE apoio financeiro e maior acesso ao mercado europeu. Na época, Lavagna declarou que os argentinos "queriam um tratamento da UE, pelo menos temporariamente, igual ao recebido pelos países que usufruem tarifas preferenciais". A Argentina queria recuperar, e conseguiu em parte, as cerca de 25 mil toneladas que deixou de vender entre 13 de março do ano passado e 15 de janeiro deste ano, quando a UE aprovou a suspensão parcial do embargo à carne bovina, até então proibida em conseqüência da crise da febre aftosa sofrida naquela região sul-americana. O pedido argentino incluía, além da carne bovina, tarifas preferenciais para uma série de produtos, como mel, frutas e algumas hortaliças, como aspargos. Não conseguiu. Quanto ao Mercosul e às negociações em curso com a UE, diplomatas argentinos deixam claro que as condições especiais solicitadas são "pontuais", ou seja, o tratamento preferencial é por um prazo determinado. Politicamente, a Argentina separou o joio do trigo, ou seja, crise econômica das questões polêmicas da negociação a médio prazo. Diplomatas brasileiros vêem com certa reticência a decisão da UE, "não que a causa argentina não seja justa, mas pelo tratamento comercial diferenciado que os europeus deram aos parceiros do Mercosul ao adotarem a medida de hoje". Recuperação do mercado A Argentina começou seu trabalho de recuperação do mercado europeu em fevereiro deste ano, quando foi suspenso do embargo da UE. Rapidamente, os argentinos recuperaram o espaço perdido ano passado, quando as exportações de carne brasileira aumentaram. "A carne argentina ainda é sinônimo de boa carne na Europa", afirmou à Agência Estado a importadora belga Good Meat, que passou a comprar carne brasileira durante o embargo, mas "já retomou as compras argentinas". A Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec) chegou a preparar uma campanha de marketing que seria lançada em agosto do ano passado em Londres, mas acabou cancelando por não entrar em acordo com o governo de quem pagaria a conta.

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