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Argentina fica como Libéria e Sudão, diz Financial Times

Por Agencia Estado
Atualização:

O calote argentino com o Fundo Monetário Internacional (FMI) mereceu destaque hoje nos principais jornais financeiros europeus. O Financial Times disse que ontem venceu o prazo para que a Argentina pagasse uma dívida de US$ 2,9 bilhões com o fundo após novos problemas no progresso da montagem de uma acordo crucial para os próximos três anos. "O fracasso no repagamento ao FMI é uma nova faceta na crise financeira da Argentina, colocando o país na categoria dos Estados párias como a Libéria e o Sudão", disse o FT. "Entretanto, isso deverá representar uma pequena ameaça imediata para o país ou para a instituição." Segundo o diário britânico, como a Argentina já está cortada dos mercados internacionais de capitais desde o seu default nos pagamentos de sua dívida soberana em dezembro de 2001, "isso não deverá afetar a capacidade do país de captar empréstimos de credores privados". Além disso, a Argentina teria que estar em default com o FMI por semanas ou meses antes que fique sujeita a sanções efetivas.Segundo o FT, "ninguém no FMI ontem acreditava que a Argentina continuaria a se recusar a fazer os pagamentos". Diferenças fundamentais O jornal espanhol Cinco Días observou que as negociações entre o FMI e o governo argentino, que pareviam bem encaminhadas, se complicaram nos últimos três dias por causa das diferenças fundamentais sobre o nível de superávit fiscal primário, o aumento das tarifas das empresas dos serviços públicos privatizadas e da compensação aos bancos por causa da desvalorização cambial e pesificação assimétrica em janeiro de 2002. "De qualquer maneira, o governo argentino e o FMI continuarão negociando e antes de trinta dias o organismo não considerará o país em estado de suspensão de pagamentos", disse o diário. "Somente caso a Argentina não pague nesse prazo, o que supõe que não firmará um acordo com o fundo, então ficaria fora dos círculos de créditos de todos os organismos financeiros, incluindo-se a perda das ajudas já concedidas pelo Banco Mundial." O economista Allan Meltzer, professor da Carnegie Mellon University, disse ao Cinco Días que "se a Argentina atrasar por umas duas semanas o pagamento enquanto negocia os últimos detalhes do acordo, e creio que é isso que acontecerá, não haverá grandes implicações para o país".

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