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Argentina inicia 2008 com alta nos preços

Transporte sobe entre 13% e 29% e carne bovina tem alta de 8%

Por Ariel Palacios e BUENOS AIRES
Atualização:

O ano começa com más notícias para os argentinos. Hoje, se inicia o descongelamento de tarifas de transportes urbanos e passa a valer a autorização do governo para o reajuste de 8% no preço da carne bovina, um dos alimentos prediletos dos argentinos. Desde maio do ano passado, o preço da carne bovina era regulado por um acordo firmado entre os produtores e a administração Kirchner. A partir de hoje, ficarão mais caras as tarifas de metrô, trens e ônibus. Os aumentos, que serão de 13% a 29%, são o primeiro passo para atualizar as tarifas do setor, congeladas desde 2001, quando o país mergulhou na pior crise econômica, social e política de sua história. O governo do ex-presidente Néstor Kirchner adiou o descongelamento durante anos, alegando que a liberação das tarifas interromperia a recuperação da economia. Mas, com o crescimento exuberante que o país registrou desde 2003, de quase 9% por ano, ficava cada vez mais difícil manter o argumento. Em 2005, a possibilidade de liberar as tarifas foi totalmente arquivada, já que o governo Kirchner enfrentava decisivas eleições parlamentares. Em 2007, houve um novo adiamento, já que dessa vez o governo pretendia vencer as eleições. Aplicar a liberação dos preços poderia ser um grande risco, pois teria um efeito negativo entre os consumidores, ou seja, os eleitores. Para evitar o colapso das empresas por causa do congelamento e, simultaneamente, não transferir o custo aos consumidores, o governo de Néstor Kirchner destinou subsídios às empresas do setor de transporte ao longo dos últimos anos. Só em 2007 as companhias receberam um total de US$ 1 bilhão em compensações estatais, fato que complicou, junto com subsídios a outros setores, a manutenção do superávit fiscal da economia argentina. Com a liberação parcial das tarifas, os subsídios serão reduzidos para US$ 60 milhões. O descongelamento de tarifas do setor de transportes será gradual. Os especialistas afirmam que, se a correção das tarifas fosse total, o aumento deveria ser de 120%. Por esse motivo, o governo de Cristina Kirchner, que tomou posse há 22 dias, continuará destinando subsídios para o setor, embora em menor quantidade. Além de irritar os consumidores, a liberação parcial das tarifas para o setor de transportes provocaria um acréscimo de 0,9% a 1,3% na inflação em janeiro. Enquanto isso, as empresas privatizadas de energia elétrica e gás também esperam o descongelamento de suas tarifas. O governo de Cristina Kirchner liberaria os preços desses setores em fevereiro. No entanto, as porcentagens dos aumentos ainda precisam ser definidas pela Comissão de Revisão de Tarifas Integrais (RTI). As empresas privatizadas, majoritariamente de capital americano, francês e espanhol sustentam que o fim do congelamento proporcionará novamente um cenário propício para os investimentos estrangeiros na Argentina.

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