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Argentina não tem relações carnais com os EUA, diz Kirchner

Restrições norte-americanas pelo Sistema Geral de Preferências afetariam US$ 610 milhões em exportações argentinas

Por Agencia Estado
Atualização:

Com sua tradicional forma direta de falar, sem papas na língua, o presidente Néstor Kirchner criticou nesta terça-feira a decisão do governo dos Estados Unidos de iniciar a análise para suspender ou limitar o Sistema Geral de Preferências (SPG), que isenta de tarifas as vendas de produtos de países em desenvolvimento ao mercado americano. "Não temos mais relações carnais com ninguém. Este governo não rege suas decisões a partir das ações de outros países. Este aqui é um país independente!". "Relações carnais" foi a denominação da política de intenso alinhamento com os Estados Unidos realizado pelo governo do ex-presidente Carlos Menem (1989-99) tanto na área política, militar, como econômica. A Argentina, assim como Brasil, Venezuela e Índia, fazem parte da lista de países que seriam suspensos do SPG. O cálculo realizado em Buenos Aires é que a medida do governo do presidente George W. Bush afetaria US$ 616,5 milhões em exportações argentinas aos norte-americanos. Os analistas afirmam que mais do que um revés econômico, a decisão americana implicaria em um duro golpe político para a Argentina. Divergências Kirchner não descartou que a decisão do governo do presidente George W. Bush tenha relação com as graves divergências que a Argentina e o resto do Mercosul tiveram recentemente com os Estados Unidos sobre a Área de Livre Comércio das Américas (Alca) e as negociações na Organização Mundial do Comércio (OMC). Segundo o presidente argentino, "com todo o respeito a todos os países do mundo, e aos Estados Unidos, a Argentina sabe o que tem que fazer". No entanto, admitiu que os EUA têm todo o direito de tomar a medida de suspender o SPG: "os Estados Unidos podem fazê-lo". Segundo o governo argentino, a decisão americana afetaria somente 1,5% do total das vendas argentinas para o exterior. Ou o equivalente a 13,72% das exportações da Argentina para o mercado americano.

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