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Argentina perde mercado iraniano e Brasil se beneficia

Por Agencia Estado
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A prisão em Londres do ex-embaixador do Irã na Argentina, Hadi Soleimanpour, a pedido do juiz Juan José Galeano, causou irritação no governo de Teerã, que decidiu retaliar comercialmente o governo do presidente Néstor Kirchner. Suleimanpour é acusado de ter participado da organização do atentado realizado em 1994 contra a associação beneficente judaica AMIA, que causou a morte de 85 pessoas e ferimentos e mutilações em outras 300. O juiz Galeano pedirá a extradição do ex-embaixador. O diretor-geral do departamento das Américas do Ministério das Relações Exteriores, Mehdi Mohtachami, comunicou que ficam suspensas - por tempo indeterminado - as relações comerciais com a Argentina. Desta forma, a Argentina perde um mercado que no ano passado rendeu ao país US$ 340 milhões. Problemas diplomáticos O Irã era, até este fim de semana, o maior destino das exportações argentinas para o Oriente Médio e a região do Golfo Pérsico. O país vendia ao mercado iraniano principalmente milho, trigo, arroz e óleo de soja, alimentos para animais, tratores e bicicletas, entre outros produtos. A balança comercial era amplamente favorável à Argentina, já que, desde 1995, em nenhum ano o volume de importações provenientes do Irã superaram os US$ 3 milhões, concentradas em chá, especiarias, pistacho e tapetes persas. Em 1998, a Argentina vendeu ao Irã US$ 900 milhões, o que significou o ponto mais alto no intercâmbio comercial desses dois países. Na ocasião, o governo em Teerã anunciou que se houvesse uma abertura "política" maior, as compras de produtos made in Argentina poderiam duplicar. A referência sobre a "abertura" era uma forma de indicar que o governo iraniano desejava que a Justiça e o governo argentina suspendessem as constantes declarações afirmando que o Irã estava por trás do atentado. Com freqüência, a Justiça convocava uma série de diplomatas iranianos para prestar depoimento em Buenos Aires. A recusa argentina paralisou as vendas durante dois anos. No ano 2000, o mercado iraniano foi novamente aberto à Argentina, cujos exportadores tiveram que começar do zero, novamente. Brasil é favorecido Com a nova retirada argentina desse mercado, o Brasil - afirmam os exportadores argentinos e analistas - seria o grande favorecido, já que poderia ocupar o vácuo deixado pelas exportações do país sócio do Mercosul, especialmente na área de óleo de soja e milho. O chefe do gabinete de ministros, Alberto Fernández, declarou hoje, que o presidente Néstor Kirchner ainda está analisando que atitude tomar diante da decisão do Irã.

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