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Argentina pode ficar sem reservas internacionais

Dos US$ 9,93 bilhões, o país tem dinheiro próprio em caixa apenas US$ 4,93 bilhões. 5 bilhões fora liberado pelo FMI em setembro de 2001 sob o compromisso de não ser utilizado (linha de crédito suplementar)

Por Agencia Estado
Atualização:

A Argentina corre o risco de ficar sem um tostão em caixa para bancar a taxa de câmbio entre 3,50 pesos e 3,70 pesos por dólar, patamar em que se encontra há algumas semanas. As reservas internacionais do país estão praticamente iguais ao volume de transferências que deveriam ser feitas este ano (US$ 9 bilhões) para honrar compromissos com os organismos multilaterais de financiamento. Até sexta-feira da semana passada, último dado oficial divulgado pelo Banco Central argentino, as reservas líquidas do país estavam em US$ 9,93 bilhões, quase metade dos US$ 19,639 bilhões verificados em janeiro, quando a Argentina decretou o fim da conversibilidade. A sangria diária de reservas, no entanto, não é a pior notícia. Dos US$ 9,93 bilhões de reservas líquidas, US$ 5 bilhões pertencem ao Fundo Monetário Internacional (FMI), que desembolsou esse dinheiro no dia 10 de setembro do ano passado, quando o então ministro de Economia Domingo Cavallo pediu socorro ao verificar uma dramática perda de reservas no período em que tentava ajustar as contas fiscais do país. Esse montante de US$ 5 bilhões fora liberado pelo FMI em setembro de 2001 sob o compromisso de não ser utilizado (linha de crédito suplementar). Com isso, o compromisso da Argentina era devolever esse dinheiro este ano. Isso significa que a Argentina tem dinheiro próprio em caixa apenas US$ 4,93 bilhões, razão pela qual o FMI vem exigindo que a administração Duhalde suspenda a venda de reservas para deter a desvalorização do peso. "Isso agrava a situação das reservas, já que coloca a Argentina em situação ainda mais complicada", disse à Agência Estado Guillermo Corzo, economista da Fundação Capital. Por isso, acrescentou Corzo, o BC já suspendeu a venda de dólares de suas reservas e está usando apenas recursos provenientes das exportações, o que dá menor poder de fogo ao BC para controlar o câmbio. O economista da Fundação, um dos principais escritórios de consultoria financeira do país, acredita que um eventual fracasso nas negociações com o Fundo o dólar poderá disparar para 4 pesos ou mais. Nesta quarta-feira, a moeda norte-americana fechou em 3,62 pesos, com alta de 1,4%. John Thorton, chefe da missão do Fundo que se encontra em Buenos Aires, levará esse diagnóstico a Washington nesta sexta-feira. A Argentina precisa chegar a um acordo com o FMI antes do dia 15 de julho, quando deverá honrar US$ 1,75 bilhão aos organismos multilaterais de financiamento. Entre julho e setembro, o país terá de cancelar outros US$ 5 bilhões, para o qual praticamente não existem mais fundos. Sem dinheiro em caixa, a autoridade monetária vem sendo obrigado a colocar Letras do Banco Central (Lebacs) a taxas de juros altíssimas. Nesta terça-feira, o BC captou 137,45 milhões de pesos a 14 dias pagando uma taxa de 54,99% ao ano e US$ 47,64 milhões, também a 14 dias, a uma taxa anula de 12,92%. Na semana passada, O BC pagou pelos dólares captados apenas 1,50% ao ano. O BC programou para esta quinta-feira outra licitação de 170 milhões em pesos e 70 milhões em dólares, com prazos de vencimento de 14 dias. Leia o especial

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