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Argentina pode ter problemas para operar com novo câmbio

Por Agencia Estado
Atualização:

Sem uma política monetária ativa desde 1991, quando foi adotado o currency board, e com um Banco Central que mais fiscalizava do que regulamentava, a burocracia econômica da Argentina pode ter perdido o traquejo para tocar o dia a dia de uma economia mais complexa. Os seguidos adiamentos da reabertura dos bancos pode indicar as dificuldades para regulamentar o funcionamento dos mercados depois da revogação da conversibilidade. Economistas ouvidos pela Agência Estado acreditam que é altíssimo o número de normas e regulamentações, a ser divulgado pelo novo governo, o que justificaria esse atraso. ?Eles estão sem regras, num momento ruim, onde os parceiros do Banco Central, que são os bancos, também estão em situação difícil?, disse o economista Roberto Padovani, da Tendências Consultores, sobre a fragilidade que a equipe econômica enfrenta neste momento. ?Além de definir políticas monetária e cambial, eles têm de fazer uma série de outras definições essenciais?, acrescentou. Até o fim da conversibilidade, a Argentina tinha de formular apenas a política fiscal que, por problemas políticos históricos, era um fiasco. Para que os bancos voltem a operar, é preciso, por exemplo, que se defina como vai ser tratado o custo do descasamento da desvalorização dos ativos e dos passivos, já que algumas instituições podem ter problemas sérios de liquidez logo na reabertura dos mercados. ?A equipe econômica está caminhando na corda bamba?, definiu o presidente da Sobeet (Sociedade Brasileira de Estudos de Empresas Transnacionais e da Globalização Econômica), Antonio Correa de Lacerda, sobre as dificuldades que a equipe de Jorge Remes Lenicov enfrenta. Segundo Lacerda, na dúvida sobre a reação da sociedade à abertura dos bancos e à flexibilização dos saques, o governo da Argentina estaria engessado, adiando até mesmo normas que passariam despercebidas da sociedade, mas que sinalizariam um caminho ao mercado. O BC da Argentina, de acordo com Padovani, precisa explicar como serão as operações de merca do com títulos públicos à medida que o país decretou a moratória. ?Não acho que seja um problema de carência técnica?, disse Padovani, sobre a burocracia argentina. ?Não é um fator desprezível, mas não é o fundamental?, emendou Lacerda. Ambos lembram que o Brasil tinha instituições ativas, como o BC, quando desvalorizou o real em 99. Mesmo assim, foram necessários dois meses entre a desvalorização e o anúncio da nova política monetária, com a adoção do sistema de metas inflacionárias.

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