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Argentina: propostas de ruralistas serão encaminhadas à presidência

Produtores do interior do País pretendem realizar protestos contra a falta de estímulo à pecuária e à agricultura.

Por Marina Guimarães e da Agência Estado
Atualização:

Após quatro horas de reunião, os líderes rurais argentinos receberam do ministro de Agricultura, Julian Domínguez, a promessa de encaminhar as propostas do setor à presidente Cristina Kirchner. O documento contém 11 pontos. Do encontro, realizado na quarta-feira à noite, não saiu resultado concreto para desarmar as articulações dos produtores do interior do País que pretendem realizar protestos contra a falta de estímulo à pecuária e à agricultura. No entanto, os representantes dos produtores consideram o clima de diálogo positivo e não descartam uma nova rodada de conversas com o governo.

 

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De acordo com a assessoria de imprensa do ministério, Domínguez apresentou um pacote de medidas para garantir o nível de produção pecuária. O ministro também disse aos ruralistas que é importante trabalhar em conjunto "para dar um salto qualitativo nos níveis de produção". A assessoria detalhou que, entre as medidas oficiais, destaca-se a entrega de subsídios aos donos de feedlots (currais para engordar gado) dedicados a novilhos de mais de 430 quilos. Atualmente, todos os feedlots recebem subsídios do governo.

 

O plano prevê ainda elevar, a partir de fevereiro de 2011, o peso mínimo para o abate, dos atuais 260 quilos para 320 quilos. Mas a aplicação dessa medida está condicionada às condições climáticas, já que uma estiagem prolongada, como tem ocorrido em anos recentes, reduz a disponibilidade de alimentos para engordar o gado. Alcançados os 320 quilos, a decisão oficial é de continuar, a cada dois meses, somando 10 quilos ao peso mínimo obrigatório para o abate.

 

Segundo o ministro, com o plano, ao final de 2011, a oferta de carne terá aumentado significativamente. Ao mesmo tempo, Dominguez garantiu que o governo vai manter abertas as exportações de carne da cota Hilton e dos acordos bilaterais, além de alguns cortes congelados e carnes termoprocessadas. Os líderes rurais pediram tempo para analisar o limite de peso para o abate e apresentaram suas próprias sugestões para resolver o problema da escassez de carne bovina.

 

O documento contém 11 pontos e trata também de problemas relacionados aos produtores de trigo e milho. No que diz respeito à carne, os produtores sugerem a redução temporária do Imposto sobre Valor Agregado (IVA) para os consumidores de cortes populares.

 

A redução seria dos atuais 21% para 10,5% para o consumidor, e os açougueiros compensariam esse desconto por meio do pagamento de imposto de renda. As entidades rurais afirmam que o aumento de mais de 40% no preço da carne neste ano é provocado pelos açougues e frigoríficos - o produtor continua com o preço congelado. Ainda nesse item, os produtores sugerem várias mudanças na cobrança de impostos.

 

Outro ponto do documento sugere ao governo redirecionar os subsídios e devoluções de impostos ao consumo da população de baixa renda. Para as entidades, o governo não discrimina a concessão destes benefícios, que acabam sendo desfrutados pelas classes médias e altas. O texto também afirma que o governo deveria incentivar o consumo de carnes alternativas (frango, suínos e peixes).

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Os produtores sugerem ainda que o governo promova a recuperação da criação de gado; a liberação das exportações de fêmeas em idade avançada, que não servem para reprodução; a concessão de créditos com taxas subsidiadas, com três anos de carência para a recomposição da população bovina e aplicação de tecnologia na implantação de pastos, fertilizantes etc.

 

Os demais pontos do documento são dedicados às exportações de carne, como a liberação de todas as vendas externas para estimular o aumento da produção e recuperar a credibilidade nos mercados internacionais.

 

Sobre a comercialização do trigo e do milho, o governo e os produtores apresentaram divergências relacionadas aos números e se comprometeram voltar a discutir o assunto.

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