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Argentina, quatro décadas de crises e instabilidades

Desde 1974, já são seis grandes colapsos, 19 presidentes, 33 ministros da Fazenda e 33 autoridades monetárias

Por Ariel Palacios
Atualização:

BUENOS AIRES - Desde 1974 a Argentina padeceu seis períodos de crises econômicas. De lá para cá o país foi governado por 19 presidentes diferentes, entre militares, civis (incluindo os provisórios). Nestas quatro décadas passaram pela pasta da Economia 33 ministros, enquanto que o Banco Central - sem autonomia real - teve 33 presidentes. 

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Os diversos políticos que passaram por "El sillón de Rivadavia", denominação da cadeira presidencial, implementaram estatizações de empresas, privatizações e reestatizações. Além disso aplicaram confiscos bancários, calotes com credores estrangeiros, junto com momentos de intensa abertura comercial misturadas com elevado protecionismo.

Em 1975 o país, que acumulava uma série de problemas desde o ano anterior, com a morte do presidente Juan Domingo Perón, entrou em colapso com o "Rodrigazo", o primeiro grande ajuste econômico de sua História. Em 1979 o país iniciou uma bicicleta financeira que levou à crise de 1981, agravada pela Guerra das Malvinas em 1982, quando a dívida externa disparou. 

A volta da democracia não blindou o país das crises. Em 1989 a Argentina padeceu a maior hiperinflação do Cone Sul, com mais de 5.000% anual. Em 1995-96 a economia foi atingida pela crise mexicana. No final de 1999 o país exibia uma pálida chance de recuperação. Mas, a crise voltou e em 2001 a Argentina entrou em colapso financeiro e social com o "corralito" (denominação do confisco bancário) e o calote da dívida, fato que tornou o país em "pária" dos mercados internacionais. Foi o fim da conversibilidade econômica, que durante uma década havia imposto a paridade um a um entre o dólar e o peso.

Em 2008 a presidente Cristina Kirchner deflagrou um conflito contra os ruralistas, provocando incertezas sobre seu governo, fato que acelerou a fuga de divisas. Nos anos seguintes a economia argentina sofreu os efeitos da crise internacional, enquanto a presidente implementava maior intervenção estatal. Simultaneamente a inflação disparou e a pobreza voltou a crescer. Nesta semana os índices do governo indicaram que a Argentina está novamente em recessão.

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