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Argentina quer rever privatizações da era Menem

Por Agencia Estado
Atualização:

A Argentina quer renegociar todos os contratos de privatização assinados durante os mais de dez anos que o plano de conversibilidade (paridade entre o dólar e o peso) esteve em vigor. A informação foi dada hoje, em Madri, pelo ministro de Relações Exteriores, Rafael Bielsa, à chanceler espanhola, Ana Palacio. Bielsa disse, no entanto, que as empresas espanholas, que investiram quase US$ 40 bilhões até agora no país, não devem temer "a perda de suas propriedades". De acordo com o jornal econômico "Cinco Dias", as declarações do chanceler argentino são "muito preocupantes", já que foram feitas um dia depois da tensão gerada pelo presidente Néstor Kirchner em sua passagem por Madri, onde se reuniu com empresário espanhóis. O "Cinco Dias" lembra que, há duas emanas, o governo argentino decidiu criar uma comissão para estudar formas de renegociar os contratos de privatização realizados na década passada, principalmente as que foram feitas durante a gestão do então presidente Carlos Menem. "Sobre esse ponto, tanto as empresas como o governo já haviam manifestado estar de acordo com a criação de um novo marco regulatório que determine regras claras e segurança jurídica, as quais acabaram sendo quebradas em janeiro de 2002 com o fim da conversibilidade", escreve o jornal. Mas, acrescenta o "Cinco Dias", "o problema não acaba aí, pelo contrário, é quando começa". Problemas De acordo com o jornal, duas declarações do chanceler espanhol em Madri comprovam isso. "Em primeiro lugar, o ministro disse que o seu governo vai propiciar o novo marco normativo para renegociar as relações com as empresas que venceram as licitações de empresas do setor de serviços públicos, porque os contratos em vigor foram feitas durante uma realidade macroeconômica que mudou significativamente", informa o "Cinco Dias". Além disso, os espanhóis ficaram preocupados com a própria polêmica aberta pelo governo argentino. Isso porque, embora o presidente Kirchner não tenha mencionado sequer a possibilidade de uma "mudança de propriedade das empresas privatizadas", o fantasma começa a pairar sobre a cabeça de algumas empresas. "Estamos de acordo sobre renegociar contratos, mas depois que se autorize o aumento de tarifas congeladas há um ano e meio", confidenciou um alto executivo de uma multinacional espanhola com forte interesse na Argentina ao "Cinco Dias". Mas, acrescentou ele, "ninguém sabe como sentar à mesa de negociações, já que, para nós, trata-se de um problema técnico e de rentabilidade". O executivo lamento ainda a forma como o governo argentino vem conduzindo esse assunto. "Se vão dizer que nós roubamos e que agora é a vez deles roubarem, então será muito difícil qualquer tipo de diálogo."

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