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Argentina responde ao Chile sobre aumento de preços na fronteira

"Não nos movemos a partir de comentários de outros", afirmou ministro do Planejamento argentino, em resposta às declarações da presidente do Chile, Michelle Bachelet

Por Agencia Estado
Atualização:

O governo argentino respondeu nesta quarta-feira às críticas e reclamações da presidente do Chile, Michelle Bachelet, contra os aumentos de combustíveis para estrangeiros nas zonas fronteiriças. "Não nos movemos a partir de comentários de outros. Nós simplesmente tomamos as decisões que o país necessita e, fundamentalmente, no marco dos acordos que fazemos com outros países", afirmou o ministro de Planejamento, Julio De Vido, um dos poucos homens do governo que o presidente Néstor Kirchner autoriza a dar entrevistas à imprensa. A declaração de De Vido foi uma resposta a Bachelet, que considerou a medida prejudicial à integração e avisou que levará o assunto para ser discutido na Cúpula do Mercosul, nos dias 20 e 21 próximos, na província argentina de Córdoba. A Argentina já cobra preços diferenciados de passagens aéreas para os estrangeiros e, desde segunda-feira passada, decidiu fazer o mesmo com os combustíveis vendidos nos postos de serviços das zonas de fronteira com o Chile, Bolívia, Paraguai, Brasil e Uruguai. Até a subsecretária de Turismo da província de Mendoza, que fica na fronteira com o Chile, Gabriela Testa, solidarizou-se com a presidente. "É uma medida, em princípio, discriminatória, como todos os preços diferenciados para nacionais e estrangeiros", opinou Testa. Encravada nos pés da Cordilheira dos Andes, Mendoza é o principal destino turístico dos chilenos. Nos fins de semana ou durante os feriados, a região recebe cerca de oito mil turistas chilenos, os quais gastam uma média de US$ 55 por dia na província. Gás Além do aumento dos combustíveis, outro incremento de preços tem provocado a ira da presidente do Chile: o gás que a Argentina vende ao mercado chileno. Nos próximos dois dias, os governos de Néstor Kirchner e de Michelle Bachelet deverão entrar num acordo sobre uma fórmula para ajustar os contratos firmados há 10 anos. Pressionado pelo aumento da inflação (em junho foi de + 0,6%, a mais alta dos últimos 10 anos) e pela queda de sua popularidade (-17,8% nos últimos dois meses), o governo chileno apela para "os compromissos contraídos". Mas o governo argentino quer transferir ao Chile o impacto equivalente a US$ 110 milhões anuais de aumento que pagará pelo gás importado da Bolívia, conforme o acordo firmado com Evo Morales, há algumas semanas, que fixou um aumento de 56%, elevando o valor de US$3,60 para US$5 o milhão de BTU. O Uruguai também compra gás da Argentina, mas somente 140 mil metros cúbicos por dia, o que não daria para absorver o aumento. A Argentina deixou vazar um documento à imprensa local, no qual explica que o então presidente Carlos Menem firmou um acordo em 95, fixando um preço similar ao praticado na Argentina, numa espécie de subsídio para o gás vendido ao Chile. Com esse acordo, o Chile teria poupado mais de US$ 12 bilhões com o gás argentino, desde 1996. O cálculo foi feito a partir de um preço de US$ 6 que custaria ao Chile, hoje, se tivesse que comprar o gás num mercado alternativo. Até maio de 2004, o preço que a Argentina cobrava do Chile pela exportação do gás era de US$ 0,40 por milhão de BTU (unidade de medida do produto). A partir daí, o valor foi sendo ajustado gradualmente e se encontra atualmente entre US$ 1,40 a US$ 2 dólares por milhão de BTU.

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