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Argentina responde crítica dos EUA e defende ação na OMC

Declaração marca mais um episódio na crescente tensão entre os dois países, que se acusam mutuamente de implementar barreiras comerciais

Por Marina Guimarães e correspondente
Atualização:

BUENOS AIRES - O Ministério de Relações Exteriores da Argentina voltou a responder críticas feitas pelos Estados Unidos e acusou novamente o país de adotar medidas protecionistas. A declaração marca mais um episódio na crescente tensão entre os dois países, que se acusam mutuamente de implementar barreiras comerciais, em uma disputa que chegou esta semana à Organização Mundial do Comércio (OMC).

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"Diante da manifestação de surpresa do governo dos EUA pela decisão argentina de levar à OMC as barreiras comerciais que impedem a entrada de carnes, limões e outros cítricos ao mercado desse país, a chancelaria argentina informa que, depois de solicitar, sem êxito, durante quase uma década, que esse país complete as análises fitossanitárias necessárias para ter acesso ao mercado mencionado, é evidente que as barreiras impostas aos produtos argentinos são parte uma política protecionista inconsistente com as normas da OMC", afirma o ministério em comunicado oficial.

O governo argentino detalhou que os EUA destinam "cerca de US$ 120 bilhões anuais para subsidiar diretamente seu setor agrícola". Esta transferência de recursos, segundo a nota, impede o desenvolvimento de um comércio mundial mais equilibrado e justo. "As próprias estatísticas da OMC mostram que o governo dos EUA foi destinatário de uma em cada quatro controvérsias por barreiras comerciais propostas pelos países membros da OMC perante seu Tribunal de Solução de Controvérsias", diz o comunicado. A chancelaria acrescenta que, diante dessa situação, o governo de Cristina Kirchner reitera sua "férrea decisão de continuar com sua política de desenvolvimento e geração de emprego".

Ontem, o porta-voz do Representante de Comércio dos EUA, Nkenge Harmon, disse que seu país "está surpreso e decepcionado pela reação da Argentina" de apresentar denúncia à OMC pelo fato de os norte-americanos vetarem a importação de carnes e limões argentinos. "Parece ser parte de uma tendência inquietante na qual os países executam ações que são inconsistentes com suas obrigações perante a OMC", disse Harmon. Segundo ele, "mais que uma reação no sentido de solucionar as coisas, parece ser uma represália".

A relação entre Buenos Aires e Washington voltou a ficar tensa após a decisão dos EUA e do Japão, na terça-feira, de denunciar a política comercial da Argentina de exigir licença generalizada para as importações. Ambos os governos consideram que as restrições comerciais argentinas "violam as normas da OMC". A UE já havia apresentado denúncia similar contra o governo de Cristina.

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