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Argentina suspende negociações com ruralistas

Por Regina Cardeal
Atualização:

O governo argentino cancelou a rodada de negociações marcada para hoje à noite com os líderes ruralistas descontentes com os impostos sobre exportações de grãos, informou o ministro do Interior, Alberto Fernandez. A notícia, que deve levar a novos protestos dos agricultores, é anunciada um dia depois de o governo e grupos agrícolas terem realizado manifestações concorrentes. Os agropecuaristas, numa manifestação muito mais numerosa na cidade de Rosário, foram particularmente críticos ao governo da presidente Cristina Fernandez e ameaçaram retomar as greves se o governo não atendesse suas demandas no encontro marcado para hoje à noite. "Não se pode dialogar com uma ameaça de greve", disse o ministro do Interior, que não é parente da presidente, à emissora Radio 10. Posteriormente, em entrevista por telefone para o canal a cabo de notícias TodoNoticias, o ministro classificou o protesto de ontem dos agricultores como uma "agressão fenomenal". O líder ruralista Luciano Miguens, que falava em outra linha telefônica ao TodoNoticias, disse que "o governo está sempre buscando uma desculpa" para cancelar as discussões. Miguens disse que não poderia responder pelos quatro grupos de agropecuaristas ao ser perguntado se o cancelamento do encontro de hoje provocará a volta dos bloqueios de estradas, mas classificou a suspensão do encontro como um acontecimento ruim. Os agricultores pedem que o governo elimine o novo imposto de exportação, que elevou drasticamente a tarifa de exportação sobre a soja, principal safra argentina. Os produtores insistem na proposta de mudar o sistema de cobrança do imposto que incide sobre as exportações, cujas alíquotas passaram a ser variáveis desde o dia 11 de março, acompanhando a evolução dos preços internacionais. Dessa forma, a alíquota da soja, por exemplo, poderia chegar a ser de 95% se o produto subir para US$ 600 a tonelada. Aos preços de hoje, a soja é taxada em 45%. A proposta dos agricultores argentinos é de que essa alíquota volte a ser fixa e em patamares mais baixos. Na semana passada, os produtores encerraram sua segunda greve em protesto contra o imposto de exportações iniciada em 8 de maio. Antes disso, uma greve de três semanas em março provocou escassez de alimentos nas cidades e forçou os exportadores de grãos a cancelarem contratos de venda alegando força maior. As informações são da agência Dow Jones.

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