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Argentina tem filas de até 4 horas para abastecer carros

País enfrenta crise energética e suspende a venda de gás natural para carros

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Por Redação
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Os postos de gasolina de Buenos Aires amanheceram com filas quilométricas nesta quarta-feira, 11. Alguns motoristas chegaram a esperar até quatro horas para abastecer o carro. As filas estão concentradas nos postos da Petrobras e da Repsol-YPF que anunciaram na terça-feira a venda de gasolina pelo preço do gás natural para taxistas, pequenos fretes e para os "resímeros" (os táxis sem taxímetro, mas com preço pré-estabelecido). O governo do presidente Néstor Kirchner decidiu de forma urgente suspender a venda de gás natural para automóveis em todo o país para tentar evitar o desabastecimento nas casas. Como paliativo, os postos da Petrobras e da Repsol-YPF ofereceram gasolina com preço reduzido para motoristas que dirigem veículos movidos a gás natural. A venda está limitada a 40 litros por motorista por dia. Os motoristas tiveram de preencher um cadastro. A Argentina enfrenta uma crise de escassez de energia. O país depende principalmente do gás natural - representa mais de 50% da energia consumida tanto em casas, indústrias e automóveis. Segundo dados oficiais, 93,1% dos carros particulares são movidos a gás natural. No mercado total de combustíveis para automóveis, 65,8% são abastecidos a diesel - que também está em falta. Temor de protestos Indústrias e outros grandes consumidores já sofrem com a escassez de gás, eletricidade e diesel. Em discurso para investidores, na Bolsa de Comércio de Buenos Aires, na terça-feira, o presidente Kirchner disse: "A Argentina vai continuar crescendo por um longo período, apesar dos que estão por aí com a teoria do colapso e da crise energética." O governo tem feito malabarismo para não permitir apagões nas casas, ruas e avenidas, já que os argentinos são conhecidos pela rapidez com que realizam protestos - uma das preocupações permanente dos governos, mas especialmente agora, neste ano de eleições presidenciais. A crise energética está deixando o governo sem alternativas, como alertam diferentes analistas do setor. O Brasil continua aumentando a venda extra de energia elétrica ao país vizinho, através da estação de Garabi (RS). Até a semana passada, segundo a imprensa argentina, eram enviadas cerca de 800 megawats por dia. Nesta semana, este fornecimento subiu 930 megawatts, mas a ajuda ainda tem sido insuficiente. Nos últimos dias, Kirchner já responsabilizou empresários, pela falta de investimentos antes mesmo da sua gestão e disse, em encontro do Mercosul, que esse é um problema regional e não nacional. Nesta quarta-feira, a maior parte da cidade turística de Bariloche, na província de Rio Negro, sofreu um apagão devido a uma falha na empresa de energia local.

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