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Argentina tem superávit recorde

Por Agencia Estado
Atualização:

O Instituto Nacional de Estatísticas e Censos (Indec) anunciou que em 2002 a Argentina conseguiu um superávit comercial de US$ 16,35 bilhões, quase o triplo do superávit obtido em 2001, de US$ 6,289 bilhões. Este superávit bateu todos os recordes históricos da Argentina, e foi conseguido graças a um volume de exportações de US$ 25,346 bilhões, e às importações, de US$ 8,988 bilhões. Mas o governo e os analistas econômicos não festejaram esse recorde, já que ele foi obtido, basicamente, às custas de uma queda drástica das importações, que, por causa da desvalorização da moeda nacional, o peso, e a permanência do estancamento da economia local, despencaram 56% ao longo de 2002, em comparação com o ano 2001. Ao contrário do que se esperava no início do ano passado, a desvalorização do peso não tornou as exportações argentinas mais competitivas. Mesmo com a desvalorização que levou o peso da paridade um a um com a moeda americana para a relação de US$ 1,00 a 3,35 pesos (e que em meados do ano passado chegou a 4,00 pesos), as exportações registraram queda de 5%. Segundo o Indec, o Brasil continua sendo o principal destino das exportações argentinas. Embora não exista mais a "Brasil-dependência" dos anos 90, quando 33% das vendas argentinas eram destinadas ao mercado brasileiro, o principal sócio do Mercosul absorveu 21% das exportações. No entanto, as vendas para o Brasil sofreram uma significativa queda em 2002. Em comparação com 2001, as exportações argentinas para o Brasil despencaram 24%. Enquanto há dois anos as vendas para o mercado brasileiro foram de US$ 6,217 bilhões, no ano passado chegaram a US$ 4,754 bilhões. A queda nas exportações para o Brasil foi causada pela crise brasileira, além da disparada da desvalorização do real desde meados do ano passado, o que causou perda na margem de competitividade que a Argentina estava conseguindo graças à desvalorização do peso, iniciada em janeiro do ano passado. Os exportadores argentinos alegam que os seis meses que tiveram de vantagem, no primeiro semestre de 2002, foram totalmente desperdiçados pela falta de crédito para as exportações. Segundo o Indec, a Argentina exportou 17% a menos de cereais para o Brasil. Também houve quedas de 27% em produtos têxteis e de 8% em farinha. A indústria automotiva argentina, que teve seu pior ano no mercado argentino, conseguiu aliviar seu péssimo desempenho em 2002 graças às exportações. No entanto, até as vendas para o exterior registraram queda. O Brasil, principal destino das vendas de automóveis feitos neste país, comprou 41% a menos, o equivalente a uma perda de US$ 595 milhões. Além disso, a venda de energia elétrica, iniciada em grandes volumes no ano retrasado, no meio da crise energética brasileira, teve uma queda drástica no ano passado, registrando uma redução de 87%, o equivalente a uma perda de US$ 116 milhões. Ainda na área energética, a Argentina vendeu ao Brasil 43% a menos de petróleo. Isso equivale à uma perda de US$ 213 milhões. Do total de importações feitas pela Argentina, o Mercosul foi responsável por 31% dessas compras. Em 2002, o segundo sócio comercial da Argentina continuou sendo a União Européia, que - muito próximo de arrebatar o lugar do Brasil - absorveu 20% das vendas argentinas para o exterior e foi responsável por 20% das importações realizadas por este país. Os países do Nafta (EUA, Canadá e México) ficaram em terceiro lugar, comprando 15% das exportações argentinas. O Nafta foi responsável por 23% das importações deste país. Leia o especial

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